terça-feira, 28 de junho de 2011

DISCUSSÃO DO CRENTE COM O CACHACEIRO


Homenagem ao poeta VICENTE VITORINO DE MELO, autor de "Discussão de um crente com um cachaceiro"


Eu viajando este mês
Pela linha do agreste
Fui parar em uma feira
No dia de São Silvestre
A feira é fraca e de tarde
Dá cachaceiro por peste...



Nessa dita feira o poeta presencia a discussão de um crente com um cachaceiro. Tudo começa quando o crente passa na calçada de um bar, com uma bíblia na mão e o bêbado imprudente o convida para uma bicada. O crente condena veementemente o seu proceder, porém o cachaceiro não se dá por vencido e usa diversos argumentos em defesa da aguardente:


Você já leu alguns livros
De fabricar aguardente?
Pinga-fogo, Canta-galo...
- Deus me livre! – Disse o crente,
De eu ler certas misérias
Disse o bêbado: - São matérias
De conteúdo excelente!


E, prossegue o cachaceiro, na sua esdrúxula defesa da “branquinha”, sem dar a mínima atenção aos argumentos do crente. Depois de citar o milagre das Bodas de Caná, onde Jesus transformou água em vinho, diz o embriagado:


Você não bebe e nem fuma
Cigarros da Sousa Cruz
Não dança devido a cota
Um baralho não conduz
Que lucro dá ao país?
Você é um infeliz
Não um membro de Jesus!


Quando eu bebo Serra Grande
Eu me lembro da ladeira
Que subiu Nosso Senhor
Num dia de sexta-feira,
Lá foi muito judiado
Eu também sou arrastado
Bebendo a cana rancheira.


Todo domingo na missa
Eu ouço o padre ensinar
Coma pão e beba vinho
Para poder se salvar
Eu ouvindo este sermão
Compro do vinho São João
Bebo dele até topar!

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