quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Décio dimas


I A história que lhes conto Vem da verve de esteta De poeta cordelista Que na invenção enceta Pra montar rima com rima Metrifica e determina Pois cordel é sua meta II Décio Dimas um poeta Oriundo do sertão Que no rap e no cordel Era mesmo um cobrão Veio morar no Recife Aumentar o seu cacife E vencer na profissão III E sair nesta missão De deixar o interior Indo para a capital Pra mostrar o seu valor E assim poder mostrar Com faz o versejar De um vate trovador IV Era fã de cantador Repentista com viola Desde os tempos de menino Essa foi a grande escola De ouvir o repentista E o poeta cordelista Que seu verso desenrola V Com um sonho na cachola Pouco em seu matulão Correu pra rodoviária Embarcando num busão Seu destino ali traçado Foi ao sonho embalado Com vontade e decisão VI Com pandeiro era um fodão Declamava a poesia De Dedé e Amazan Como ele bem fazia E assim nessa batalha No Recife assim se espalha Dia e noite, noite e dia VII E assim ele seguia A morar numa pensão Com um monte de maloca Era briga de montão Teve um que arretou-se E pra ele assim armou-se Com uma lapa de facão VIII E assim na confusão Ele nunca fraquejava Encarava com coragem Tudo que a vida dava O cachê malamanhado Que chegava atrasado Quando a fundação pagava IX Mas um dia encontrava Uma doida poetisa Dolly Dance era seu nome Sempre a viver de brisa Recitais sempre faziam Mas no fundo percebiam Isso não dava camisa X Ele liso e ela lisa Sem motel poder pagar No seu quarto apertadinho Que eles dois iam trepar E assim seu Décio Dimas Entre pandeirada e rimas Resolveu tudo mudar XI Um cachê que foi ganhar Num projeto em Petrolina Quando voltou pra Recife Sua mente assim atina Vou comprar é um teclado Aprender esse danado Pois teclado é coisa fina XII E chamou sua menina Pra com ele ensaiar Quando não tinha projetos Ele e ela a malhar Entre recitais refregas Eles ensaiando bregas Pra sua vida então mudar XIII E assim muito ralar Nos botecos da cidade Uma grana muito curta Vida com simplicidade Mas os dois nesse batente Como teclado ali de frente Brega chique é bem verdade XIV E fazer publicidade Com um site na internet Apelaram para tudo Que a ousadia assim compete Essa dupla conhecida Batalhando nesta vida Pra arrumar algum tiete XV Com uma fome de pivete Muitas contas pra pagar Vez em quando um recital Dava para descolar Fundação que faz cultura Sacaneia é uma tronchura Bota mesmo é pra lascar XVI Foi dureza pra danar Até que num belo dia Eles dois foram chamados Pra tocar para uma tia Uma velha muito rica Caretona e pudica Foi numa churrascaria XVII Dolly ali se vestiria Qual Joelma de Chimbinha Décio Dimas de Elvis Presley Eita dupla arretadinha Foi uma noite de sucesso Tanto que teve regresso Nesta casa bacaninha XVIII Muita gente ali vinha Pra ouvir bregueteria Décio Dimas que compunha Toda letra e melodia Até que num belo dia Produtor ali surgia E escutou com euforia XIX Ele então convidaria O casal para gravar E assim em poucos meses Seu CD a estourar Seus amigos cordelistas Invejosos vigaristas Muito mal foram falar XX Foram com ele ralhar E falar de forma dura Como pode grande Décio Fazer essa ruptura De largar verso brejeiro Pra virar um bregueteiro De trair velha cultura XXI E foi mesmo uma loucura Pois até Zezé Loureiro Que foi o seu professor Deu-lhe um sermão inteiro E até Tico Verdosa Velho vate bom de prosa Chamou ele de fuleiro XXII Mas o Décio com dinheiro Foi morar numa mansão Tinha oito seguranças Governanta e um carrão Aconteça o que aconteça Foi cagando na cabeça Foi a sua opção XXIII No Gugu e no Faustão Ele foi aparecer E um tema de novela Também foi acontecer E assim famoso e rico No fubá qual tico-tico E botando pra fuder XXIV Foi o mundo conhecer Alemanha e o Japão Fez turnê de norte a sul Até no Afeganistão Sua agenda sempre cheia Esse bom cabra de peia A ganhar um dinheirão XXV Com Teló fez gravação De programas de TV Foi até lá em Barretos Num rodeio aparecer Os seus shows que eram tantos Com Gaby a Amarantos Fez até novo CD XXVI Dollyane que foi ter O seu filho no estrangeiro Quando estavam em Miami De turnê em um cruzeiro E assim Décio crescia Dolly sua companhia Na bagaça e no salseiro XXVII Esse artista brasileiro Com tantos por aí Conheceu grande sucesso Nesse nosso patropi Mas sucesso vem e vai E um dia a casa cai Foi aquele ti-ti-ti XXVIII Foi num show no Piauí Ele teve uma recaída E vestiu-se de vaqueiro Sua Dolly ali vestida Com vestes de cangaceira Cantaram uma bagaceira Forrozada foi ouvida XXIX A platéia aturdida Por ali sem entender Como seu grande cantor Um forró pôde fazer Essa gente alienada Que não entendeu foi nada E vaiou pra derreter XXX Isso foi acontecer Pois o Décio assim sonhava Que se um dia fosse rico À raiz real voltava E assim cumpriu promessa Ao forró voltou com pressa E um ciclo se encerrava XXXI Produtor se arretava Demitiu ele na hora Mas a grana que ele tinha E também sua senhora Dava pra eles viverem Seus projetos conceberem E fizeram ali na tora XXXII Eu sou sei que ele agora É um craque na sanfona Deixou lado seu teclado E forró não abandona Fez as pazes com os poetas Tem agendas bem repletas E faz show até na zona.
Fonte: http://allancordelista.blogspot.com.br