sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

UM POUCO DA HISTÓRIA DE CHAGAS RAMALHO

CHAGAS RAMALHO

Conhecido no mundo da cantoria como Chagas Ramalho, o poeta repentista e cordelista Francisco Rodrigues da Silva também era conhecido como Francisco das Chagas, ou Chico Ramalho. Filho de Antonio Rodrigues dos Santos e Santina Maria de Jesus, Chagas nasceu em Cuité, na Paraíba, em 1912. Muito cedo descobriu-se amante da poesia popular nordestina, e também muito cedo descobriu-se capaz de criar e cantar repentes. Poeta respeitado e citado em grandes antologias de cantadores como:

1 - Cantadores, Repentistas e Poetas Populares, de José Alves Sobrinho, Paraíba/2003.
2 – Antologia Ilustrada dos Cantadores, Francisco Linhares e Otacílio Btista, Ceará/1976.
3 –Dicionário de Poetas Cordelista, Gutenberg Costa, Rio Grande do Norte/ 2002.
4 – Dicionário Bio-Bibliográfico de Repentistas e Poetas de Bancada, Átila Augusto e José Alves Sobrinho, Paraíba/1978.


         Chagas Ramalho afastou-se da família paraibana aos dezessete anos, e saiu pelo mundo com sua viola, criando seus versos e cantando para sobreviver.

O afastamento da família aconteceu devido ao fato do pai dele (meu avô) ter assassinado dois homens. O primeiro caso foi resultado de uma invasão ao roçado dele por um bando de bodes e cabras, o ataque estragou a plantação de milho e mandioca. Indignado, o meu avô mandou meu pai ir a casa do dono dos animais e pedir providências para evitar que voltassem a invadir a sua plantação. O recado foi dado e a resposta foi:

“_Quem tem que tomar providências é ele”.

Então, no dia seguinte, o meu avô chegou ao roçado e as cabras estavam lá. Ele matou todos os animais (entre dez e doze), colocou numa carroça e mandou deixar na frente da casa do dono. Ao saber do ocorrido, o dono foi tirar satisfação, o que resultou na sua morte com um tiro de espingarda. O segundo ocorrido foi devido ao fato de um dos vizinhos ter dado uma surra num dos filhos dele, o tio Manoel. Papai (Chagas Ramalho) junto com seus irmãos Manoel, Miguel e Pedro, foram tomar banho de açude depois de um longo dia de trabalho pesado. Ao passar pelo roçado do visinho, colheram uma melancia, quebraram numa pedra e se deliciaram. Amenizaram a sede e a fome acumulada ao longo do dia. O visinho, ao descobrir o malfeito, tirou um galho de árvore, cortou em forma de vara e foi até a beira do açude. Os rapazes correram, mas o meu tio Manoel foi pego e levou uma surra daquelas de deixar marcas de sangue coagulado. Ao saber dessa história o meu avô armou uma tocaia, esperou o inimigo e o matou. Por esse motivo, desde cedo o meu pai e os seus irmão começaram a sair de casa. Com a morte dos meus avós, o meu pai e os meus tios ficaram com medo de tocaias ou ciladas por vingança. Começaram a sair de casa e até a mudar de nome, como no caso do meu pai, de nome Francisco Rodrigues da Silva, passou a se chamar Chagas Ramalho, e assim ficou conhecido no mundo da cantoria de viola e da literatura de cordel.
Chagas Ramalho viveu muitos anos vagando pelo mundo, cantando repentes e fazendo amizades, até que, certo dia, passando em Macaíba/RN, conheceu uma moça de dezenove anos, bonita e viúva, de nome Maria de Freitas Gonçalves (Dona Mariquinha).  O casamento aconteceu seis meses depois que eles se conheceram. Foi celebrado na Igreja Matriz de Macaíba, pelo Padre Chacon, no dia 09 de março de 1953, e durou 37 anos. Desse casamento nasceram doze filhos, dos quais sete estão vivos. São eles:

      Antonio Rodrigues Neto, Maria de Lourdes Rodrigues, Maria Clarice Rodrigues, José Acaci Rodrigues, Sebastião Aldo Rodrigues, Leonardo Rodrigues da Silva e Hugo Rodrigues da Silva.
Apesar de ter perdido a perna direita aos 34 anos, sequela de um acidente de caminhão, Chagas Ramalho trabalhou até o fim da sua vida. Criou os filhos produzindo e vendendo folhetos de literatura de cordel, fazendo cantorias de viola e vendendo mercadorias e miudezas nas feiras de Macaíba e cidades vizinhas.
Morreu aos 74 anos, no dia 19 de junho de 1990, de infecção generalizada, causada pela diabetes, no Hospital Municipal de Macaíba/RN. 

 

     Este material é resultado de várias entrevistas que minha mãe, Dona  Mariquinha, deu mim, José Acaci, no mês de janeiro de 2005, na calçada de sua casa, à rua General Aluisio Moura, 187,  em Macaíba/RN.
                                                                       José Acaci