quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Cordel Estação da Lapa: sujeira e abandono


Estação da Lapa: Sujeira e Abandono
ESTAÇÃO DA LAPA: SUJEIRA E ABANDONO
Autor: Antonio Barreto, natural de Santa Bárbara,
residente em Salvador
Nosso terminal de ônibus
Coletivo da cidade
A grande Estação da Lapa
Tornou-se ‘favelidade’…
Um cenário assustador
De abandono e maldade.
É a feira do Cortume,
Ou talvez São Joaquim
Que se transfere pra Lapa
Num cenário de motim.
E quem quiser que reclame
Que a coisa está ruim!
A ““festa”” começa cedo
Desde às cinco da matina
Em meio a tanta sujeira
Ratazana e muita urina
E o pobre do transeunte
Vai cumprindo a sua sina.
Fede aqui, fede acolá
Um tropeço, escorregão
Vazamento em todo canto
Gente dormindo no chão…
E o prefeito da cidade
Cuidando do coração!


Tudo lá na Estação
É um monte de sujeira
Só quem passa por ali
Reconhece a baboseira…
Parece que a prefeitura
Tá mesmo de brincadeira.
O barulho e a fumaça
Pouco a pouco aumentado
Camelôs nos quatro cantos
Vão logo se aproveitando
Daquele bizarro espaço
Muito mais que desumano.
O lixo vai se espalhando
E tome-lhe gritaria
Um clima desordenado
Sem nenhuma assepsia:
É a nossa Lapaguai
Da capital da Bahia!
O policiamento ali
Serve de decoração
Não existe segurança
Para nos dar proteção
E o povo assim dizendo:
Mata o véio Seo João!
Os fiscais da prefeitura
Vão fazendo vista grossa
E a turma de ambulantes
De todo canto se apossa
Da pobrezinha da Lapa
Que parece uma choça.
Os camelôs negociam
Toalha, panela, prato,
Cinto, bolsa, amendoim,
Louça, veneno de rato,
Escova, pente, ferrolho,
Até Viagra – de fato!
Tem novelo, tem tesoura,
Sutiã, rádio, sacola,
Fechadura, picolé,
Chinelo, sapato, bola,
Pirulito, milho assado
Calcinha, cueca, argola…
À noite tem pagodão
Muita farra, bebedeira
A galera namorando
E dançando gafieira…
Vamos acordar, prefeito,
Que hoje é segunda-feira!
Os aparelhos de som
Da grande pirataria
Fazem gatos na Coelba
É aquela gritaria
E o povo da cidade
Vai penando noite e dia.
E na hora do almoço
O clima é de piquenique
A sujeira avolumando
Toda hora, a todo pique…
Tudo ali na frente dele:
Do prefeito João Henrique.
Tem barraca, tem butique
Guarda-chuva de um real
Peixe assado, frango frito,
Churrasquinho, o escambal…
Eu não sei se estou sonhando
Na terra do carnaval.
A presença de pedintes
Sacizeiros, assaltantes
Barata, ratos, morcegos
Transeuntes vacilantes
Periga depois das dez
Nessas noites degradantes.
A festa dos ambulantes
Transformou-se numa zona.
Nenhuma escada rolante
Há tempos não funciona
E quem tem deficiência
Não aguenta a maratona.
Mas podem ficar tranquilos
O prefeito organizou
Um bom plano de governo
Que há muito começou…
Pois esperem sentadinhos:
O sonho não acabou!
Mãe Dinah fez previsão
Prometendo não falhar
Dizendo que a nossa Lapa
“”Amanhã”” vai desabar…
Parece que a profecia
Vai então se confirmar!
Se o prefeito então quiser
Essa obra ele conclui
E o nosso sofrimento
Certamente diminui
Pois na base dos impostos
Nosso povo contribui.
Acorde, caro prefeito
É hora de trabalhar
Cuide da nossa cidade
Entenda nosso penar
Bem antes que a nossa Lapa
Venha então desmoronar.
Não é somente a Estação
Da Lapa que hoje chora
Toda a capital baiana
Sabemos que não melhora.
Inda bem que o prefeito
Já está caindo fora!
Aqui vou chegando ao fim
Prometendo retornar
Para ensinar ao povo
Como se deve votar…
Me chamo Thomé de Souza
E jamais vou me calar!
Bahia dessemelhante
A Bahia de Cabral
Reincidente no desmando
Respirando no hospital…
E lá vai São Salvador
Transbordando desamor
Oba-oba e carnaval…
FIM
Salvador, setembro de 2012