quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Museu dedicado ao poeta paraibano Augusto dos Anjos volta a funcionar em Leopoldina, onde ele morreu


paço guarda objetos do autor, considerado precursor do modernismo
Espaço dos Anjos foi instalado na casa onde o escritor Augusto dos Anjos morou em Leopoldina, na Zona da Mata Mineira (Foto: UAI/Divulgação)
Espaço dos Anjos foi instalado na casa onde o escritor Augusto dos Anjos morou em Leopoldina, na Zona da Mata Mineira (Foto: UAI/Divulgação)
No ano em que se celebra o centenário do livro Eu, única publicação de Augusto dos Anjos (1884-1914), finalmente o poeta paraibano vai receber uma grande homenagem em Minas Gerais.
Depois de passar 15 meses em obras, será aberto hoje o Espaço dos Anjos, em Leopoldina, na Zona da Mata. Ele reúne museu, sala para oficinas de poesia e de pintura, anfiteatro e pub.
O espaço funcionará na casa onde o poeta passou os últimos meses de vida, de junho a novembro de 1914. A residência estava fechada desde 2007, quando faleceu o artista plástico Luiz Raphael Domingues Rosa, que a alugou nos anos 1970. Rafael usou o imóvel como ateliê, mas teve o cuidado de preservar a memória do antigo locatário. Transformou o imóvel em museu informal.
No acervo do Espaço dos Anjos estão alguns pertences do escritor, como o seu convite de casamento com Esther, fragmentos de cartas, fotos e jornais.
MEMORIAL
Rosângela Moreira Lima Costa, secretária de Cultura, Esporte, Lazer e Turismo de Leopoldina, diz que o Espaço dos Anjos permitirá ao município integrar o seleto grupo de cidades que têm memorial dedicado a um grande nome da literatura brasileira.
“Mesmo tendo morado tão pouco tempo em Leopoldina, é possível que Augusto tenha sido muito feliz aqui, pois, em seus últimos dias, expressava o desejo de ser enterrado em nossa cidade. Temos o mesmo desejo de acolhimento. Por isso, fazemos questão de manter a memória de um poeta como ele. O povo leopoldinense faz parte da história de Augusto dos Anjos”, destaca.
Rosângela diz que a reforma manteve as características do imóvel, construído no início do século passado. Ela chama a atenção para o cuidado que mereceram elementos arquiteturais daquela época. “Entretanto, foi necessária a inserção de algumas informações nas paredes até para que apresentássemos melhor a poesia de Augusto dos Anjos para os visitantes”, explica.
A obra foi orçada em R$ 300 mil, recursos oriundos do ICMS Cultural que o município passou a receber nos últimos anos. O projeto incluiu restauro, ampliação e compra de móveis e equipamentos para o museu.
Foram convidados para a cerimônia de inauguração descendentes do poeta e personalidades do mundo literário, como o escritor e pesquisador Alexei Bueno, autor da edição crítica da Obra completa de Augusto dos Anjos.
No cemitério de Leopoldina, Alexei vai plantar um pé de tamarindo, substituto da árvore que fazia sombra sobre o túmulo do poeta e morreu no começo do ano. Informações: www.museuespacodosanjos.com.br.


SOBRE O POETA
Augusto Rodrigues Carvalho dos Anjos nasceu em 20 de abril de 1884, no Engenho Pau d’Arco, na Paraíba. Foi um dos poetas mais críticos do seu tempo. Até hoje, a obra desse paraibano é admirada tanto por leigos quanto por críticos literários.
Identificado como simbolista ou parnasiano, o escritor, na opinião de colegas respeitados, como o poeta Ferreira Gullar, está entre os pré-modernistas. “Encontramos características nitidamente expressionistas em seus poemas”, observa ele.
Augusto dos Anjos era bacharel em direito e professor. Em 1908, casou-se com Ester Fialho e teve três filhos. Morou no Rio de Janeiro, onde se dedicou ao magistério. Em 1914, mudou-se para Leopoldina, onde morreu de pneumonia em 12 de novembro daquele ano.
Fonte: UAI Divirta-se