As bibliotecas são consideradas como um organismo vivo, onde serviços e a guarda de informações, tradicionalmente caracterizadas por documentos impressos textuais, são reunidos e armazenados fisicamente. Com o advento das tecnologias, novas formas de propagar informações e conteúdos foram lançadas, representando um desafio aos atores envolvidos no mercado editorial, que começa com o autor e segue pelo editor, livreiro, bibliotecário e, finalmente o usuário final. Os livros eletrônicos estão mudando radicalmente a realidade das bibliotecas e sua inclusão nos acervos deve ser pensada na forma de somar forças com o mercado editorial, garantindo a permanência dos negócios e cumprindo com sua função original de preservação de publicações e acesso ao público. As dificuldades encontradas são marcadas em parte pela indefinição de um modelo de gestão bibliotecário, que por sua vez, é impactado por uma grande diversidade de modelos de negócios estabelecidos pelo mercado editorial, comprometendo a aquisição e empréstimo digital. As bibliotecas tem enfrentado um grande desafio na transição entre o tradicional e o digital e isso acarreta em alterações e adaptações na gestão das unidades de informação. Com as mudanças nas relações de aquisição de conteúdo e sua disponibilização ao usuário é necessário repensar o desenvolvimento da coleção, de forma a garantir a continuidade de títulos nos acervos, mensurar o uso que é feito das obras adquiridas, aferir o controle de acesso aos conteúdos para evitar utilizações não autorizadas, além de oferecer novas possibilidades de consultas e serviços. O objetivo deste texto é apresentar uma reflexão sobre o advento do livro eletrônico (e-book) e a sua oferta nas bibliotecas, apresentando as dificuldades encontradas. Com o conhecimento deste cenário será possível aos agentes envolvidos estabelecer um modelo de negócios que satisfaça às necessidades e anseios, proporcionando a manutenção e crescimento dos envolvidos, construindo uma estratégia de atuação que favoreça todas as partes.
O mercado de venda de e-books não está completamente alinhado com as demandas das bibliotecas. Apesar da variedade de modelos de negócios que estão em prática e discussão atualmente, o impacto destas mudanças não foi avaliado plenamente. Ao analisar as possibilidades de aquisição e acesso, observamos que algumas editoras impõem os modelos existentes, oferecendo pouco ou nenhum espaço para negociação. Apesar de serviços oferecidos por distribuidores, observa-se certa relutância em fornecer obras em formato digital. Esta motivação deriva do temor que as bibliotecas permitam o download indiscriminado dos arquivos e estes, uma vez em poder dos usuários, possam ser distribuídos livremente, caracterizando a pirataria. A posição de grupos de editores de recusarem-se a vender e-books para bibliotecas mediante o argumento que por ter a publicação acessível por um clique de forma gratuita, o leitor não comprará mais livros, é tão irreal quanto a afirmação que, por ter o livro impresso na biblioteca os consumidores não irão adquirir seus próprios exemplares. A prática demonstra que as bibliotecas sempre representaram bons clientes aos livreiros e editores exatamente por realizarem compras em larga escala com frequência, além do fato de ser um local de descoberta de publicações, ao permitir o conhecimento e contato das obras pertencentes aos acervos, o que favorece o aumento nas vendas.
Fonte: Revolução eBook
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