quarta-feira, 13 de novembro de 2013

JeosaFá escreve sobre Patativa do Assaré


Por JeosaFá, via blog Amplexos do JeosaFá

Org. Gilmar de Carvalho

A obra de Patativa do Assaré, edição após edição, vê as barreiras do preconceito caírem e seu público aumentar por todos os cantos do país. A linguagem moldada pela sonoridade, pela visão de mundo, pelo modo de vida – e pela viola – nordestinos, seus poemas retratam a labuta, os sentimentos e a índole dos que enfrentam os infortúnios da seca e da miséria numa região em que a violência e a injustiça social andam de mãos dadas.

Seus textos ficaram conhecidos pelo público mais amplo primeiramente na voz e na sanfona de Luiz Gonzaga, o Luiz do Baião. Composições como “Triste Partida” – rodou muito tempo pelas rádios e forrós do país e hoje, em um belo vídeo de animação, circula na televisão, nos DVDs particulares e na internet:

“Nós vamo a São Paulo
que a coisa tá feia.
Por terras aleia
nós vamo vagá.
Se o nosso destino
não fô tão mesquinho
Pro mermo cantinho
Nós torna a vortá.”

Esta Antologia Poética de Patativa do Assaré, que conta com um breve mas elucidativo estudo sobre a obra do poeta, reúne poemas na seguinte organização: "Inspiração nordestina", "Novos poemas comentados", "Cante lá que eu canto cá", "Ispinho e fulô", "Balceiro", "Cordéis", "Aqui tem coisa" e "Balceiro 2".

Com isso, o organizador Gilmar de Carvalho pretendeu oferecer ao leitor uma amostra representativa da obra desse importante poeta brasileiro que, revolvendo a terra como agricultor e animando bailes ao som da viola, fez o verso sertanejo, brotado da terra e da alegria popular, ganhar reconhecimento sob a forma impressa, muitas vezes reservada apenas a formas mais eruditas, urbanas ou elitizadas.

Abrir esta Antologia, cujos poemas são irmãos do cordel e do repente, e lê-la coletivamente em voz alta devolve vida a um texto que não nasceu para ficar preso na página feito passarinho em gaiola. Fica aqui esta sugestão.

FONTE: Patativa do Assaré. Org. e Pref. Gilmar de Carvalho. 7 ed. Fortaleza, Ed. Demócrito Rocha, 2008.

Ilustração de João Pinheiro.