Em 1450, uma invenção revolucionaria o mundo: Gutenberg criou letras de metal, viabilizando a imprensa. Museu dedicado a ele é considerado o mais importante do mundo quando o assunto é a história da tipografia.
O Museu Gutenberg fica no centro antigo de Mainz, bem em frente à catedral da capital do estado da Renânia-Palatinado (sudoeste), num prédio renascentista cujo nome é "Ao Imperador Romano".
Mas, afinal, quem era esse Johannes Gensfleisch, conhecido como Gutenberg, ao qual a cidade de Mainz dedica todo um museu e que é considerado até hoje o inventor da imprensa? Homem de negócios astuto, ele descobriu, a seu tempo, um nicho de mercado, ao criar letras de metal móveis, que podiam ser reunidas aleatoriamente.
E como era um artesão experiente e ao mesmo tempo um homem de negócios disposto a arriscar, Gutenberg acabou por construir a prensa necessária para a impressão das letras. Sua invenção tomou o lugar dos métodos até então usados para a produção de livros e iniciou na Europa uma verdadeira revolução midiática, sem a qual o mundo moderno seria inconcebível.
Gutenberg nasceu em Mainz no ano de 1400. Por ocasião dos 500 anos de seu nascimento, os cidadãos resolveram dedicar um museu ao mais famoso filho do lugar.
No ano de 1901, era festivamente inaugurado o Museu Gutenberg, um dos mais antigos do gênero do mundo, que recebe anualmente mais de 100 mil visitantes. Em aproximadamente três mil metros quadrados, são exibidas as artimanhas técnicas e artísticas de Gutenberg, celebrado hoje como "o homem do milênio".
Tesouros da tipografia
Na parte histórica do museu, uma das principais atrações é a "Oficina de Gutenberg", reconstruída nos andares de baixo do prédio. Ali pode ser observado como funcionava uma prensa, incluindo a fundição dos caracteres de metal, a colocação e a impressão com as letras de chumbo – uma demonstração muito apreciada por excursões de escolares, por exemplo.
Alunos bem jovens ficam normalmente impressionados quando podem assitir "ao vivo" como funcionavam as prensas de ferro dos tempos de Gutenberg.
Ao percorrer as seções históricas do museu, o curador de coleções tipográficas da Ásia, Claus Maywald, explica que a casa não apresenta informações somente acerca de Gutenberg. "Somos muitos museus num só", diz ele. O mais interessante entre as peças históricas, segundo Maywald, é a Bíblia, na qual couberam, pela primeira vez, 42 linhas em uma só página.
Essa Bíblia é considerada a obra prima de Gutenberg, criada por ele com a ajuda de seus vinte funcionários de então, com diversas figuras, caracteres coloridos e sinais diversos. A obra de 1282 páginas é, segundo o curador, tão perfeita a ponto de causar inveja às impressões modernas no que diz respeito à composição e layout.
Escritos artísticos da Ásia
Mas o Museu Gutenberg oferece ainda mais coisas: ao galgar novamente alguns lances de escada, o visitante depara-se de repente com a escultura de um vigia em tamanho natural, que olha sorrateiramente de cima para o observador.
Ele indica o caminho para o baú de tesouros da China, do Japão e da Coreia. Os espaços atrás da escultura permanecem na penumbra: um sutra darani japonês e um pergaminho budista impresso com um pedaço de madeira do século VIII, ali expostos, fazem parte dos primórdios da história tipográfica da Ásia.
Do mundo árabe há ainda um bloco de prensa do século XV – um dos poucos deste tipo ainda preservados. Além disso, o museu expõe uma prensa chinesa dos anos 1920.
Maywald salienta que, embora haja divergências entre Europa e Ásia no que diz respeito à suposta origem da tipografia, há uma cooperação estreita entre instituições de ambas as regiões.
Enquanto na Alemanha podem ser observadas peças que remetem à história da tipografia na Ásia, coreanos e chineses apresentam em seus países trabalhos de Gutenberg. De acordo com Maywald, já aconteceram inclusive exposições conjuntas sobre o tema. O curador explica que a tipografia já era anteriormente conhecida nos países asiáticos, tendo surgido em diversos lugares. Mas foi a partir de Mainz que ela ganhou o mundo.
Hoje, o Museu Gutenberg expõe diversas obras de todos os centros tipográficos. Em mostras regulares, é possível também entender melhor a importância das letras de metal criadas por Gutenberg para a evolução da cultura escrita e da mídia do século XXI.