Antonio Barreto, natural de Santa Bárbara,
residente em Salvador.
Essa idéia anacrônica
De alterar o fuso horário
É uma forma do governo
Ajudar ao empresário
Mas o povo de bom tino
Sabe que é desnecessário.
II
No Brasil não tem otário
Pra viver de imitação
Porque gente esclarecida
Aqui temos de montão
Então vamos boicotar
Esse Horário de Verão.
III
Esse Horário de exclusão
Alterando o dia-dia
Com o pretexto de auxílio
Para a nossa economia
É mentira mentirosa
Além de demagogia.
IV
Eu digo “Estraga Verão”
Nome bem apropriado !
Porque quando o galo canta
O pobre já tá acordado
Pra tomar o seu buzu
E sair desmotivado.
V
O patrão, muito folgado
Acorda tranquilamente
Por volta das 8 horas
Muito descansadamente
E só chega às 10 e meia
Para o seu expediente.
VI
E a criança inocente
Deveras sacrificada
Brigando com o fuso horário
Acorda na hora errada
Para estar dentro da escola
Ainda de madrugada.
VII
Esse horário então enfada
Nosso povo varonil
A classe trabalhadora
De Norte a Sul do Brasil
Que não deve mais sofrer
Com esse plano tão hostil.
VIII
A estação primaveril
Já começa com o calor
Depois o sol escaldante
Do verão abrasador.
O patrão fica sorrindo,
Sobra pro trabalhador !
IX
Perde muito o agricultor
De toda a zona rural
Já que a sua atividade
Não é artificial
Pois a sua produção
É pela luz natural.
X
O Governo Federal
Sabe que é um paliativo
Alterar o fuso horário
Sem razão e sem motivo.
Então deve o governante
Pensar bem no coletivo.
XI
Esse horário punitivo
Interfere de montão
No atendimento a bancos,
Nas viagens de avião,
De navio, de trem, de ônibus;
No rádio e televisão...
XII
Esse horário de Verão
Deveria ser brioso
Mas conforme as estatísticas
É deveras acintoso
Em vez de ser lucrativo
É mais que fantasioso.
XIII
Tal horário é desastroso,
É verdade, não invento
Porque ele economiza
Apenas quatro por cento.
Então chega de mentira
E tanto aborrecimento.
XIV
Quem possui discernimento
E também sabedoria
Sabe bem que o Ministério
Das Minas e Energia
Deve então racionar
É a sua anatomia !
XV
Chega de tanta utopia
Nesse Brasil de chacinas
De “roubanças”, injustiças
De buracos, de ruínas,
De tanto disse me disse
Que fere minhas retinas.
XVI
Não entendo “patavinas”
Desse ”horário oferenda” !
Vou pedir a Jaques Wagner
Que logo nos compreenda
E deixe nossa Bahia
Longe dessa reprimenda !
XVII
Eu quero ver quem desvenda
Os mistérios de Brasília.
Quem vai racionar salário
Quem vai ficar de vigília
Quem vai apagar as luzes
Quem vai comprar uma ilha !
XVIII
Gostei do Bolsa-Família
Porém quero muito mais.
Quero ver muitas usinas
Ao invés de carnavais !
E o Horário de Verão
Nos braços do Satanás !
XIX
Sei que Dilma é capaz
Na arte de governar
Expulsou aventureiros
Que queriam “racionar”.
Então desse “horário novo”
Peço para nos livrar.
XX
Eu não vou adiantar
Uma hora a todo dia
Vou deixar o meu relógio
Trabalhar em harmonia
Pois somente o empresário
Vai gostar dessa folia.
XXI
Chega de Filosofia
Cada qual na sua cabine
Que a vida me prepare
Que a Lua nos ensine
Que o Brasil tome “juízo”
Que o Sol nos ilumine !
XXII
Enquanto ninguém define
Vou dizendo sem demora:
Desse Horário de Verão
Nenhum brasileiro adora
Com exceção dos empresários
Que querem vê-lo na tora !
XXIII
Vou adiantar uma hora
Para ver o trem passar...
O Trem que não é das Onze
É um trem que vai chegar
Bem cheio de Consciência
Pra todo Parlamentar !
XXIV
Barreto vai retornar
A qualquer hora do dia
Reclamando do governo
Reclamando com harmonia
Esperando que o Brasil
Trate o seu filho gentil
Oferecendo alegria.
FIM
Salvador, 01/10/2011
Antonio Barreto