Separadas pela geografia, mas muito próximas em seus valores, as culturas gaúcha e nordestina ficam ainda mais íntimas a partir da 57ª Feira do Livro de Porto Alegre. Nesta sexta-feira, dia temático de cultura popular, o escritor Arievaldo Vianna e o desenhista Jô Oliveira participam pelo segundo ano consecutivo do projeto “Simões Lopes Neto Em Cordel”, e desta vez trazem os dois primeiros livretos do “Casos de Romualdo”: “Quinta de São Romualdo” e “Romualdo Entre os Bugios”, adaptações em cordel da obra do autor gaúcho em formato do tradicional livreto de cordel, e “O Estatuto da Criança e do Adolescente em Cordel”.
Promovido pela Companhia Rio Grandense de Artes Gráficas (Corag), o projeto prevê a distribuição de 20 mil exemplares de cada folheto durante a Feira. Além disso, eles lançaram o livro “História do Navegador João de Calais e sua Amada Constança”, um texto de cordel ilustrado a modo Grapich Novel, editado pela FTD, e depois de participaram de um bate-papo sobre Cultura Popular e Cordel, que teve início às 15h30min no mesmo local.
Nomes expressivos do cenário político e cultural do Rio Grande do Sul prestigiaram o lançamento de CASOS DE ROMUALDO EM CORDEL Nos versos do primeiro, Simões Lopes Neto entrega “Os Casos de Romualdo” a Arievaldo e pede que o transforme em cordel, pedido mais que aceito. “Temos uma identificação cultural muito grande com o Rio Grande do Sul. No Ceará, e em Pernambuco, vamos resgatando os valores de culturas como o forró pé de serra, maracatu, frevo, e um zelo muito parecido tem o gaúcho pelas suas tradições. Na década de 1970, lembro de meu pai ouvindo Teixerinha”, recordou o autor. “Teixerinha fazia algo muito próximo do cordel e da cantoria nordestina. Tem um disco só de desafios com Mary Terezinha, usando violão e sanfona, e nas composições utiliza a setilha e a redondilha maior. São sete versos de sete sílabas. E usava também a sextilha, principal forma poética do cordel, que são seis versos de sete sílabas", explica o autor.
A história de unir a literatura e o cordel vem de tempos. O próprio Arievaldo leu quando pequeno “Iracema”, de José de Alencar, em versos. “Só depois de me encantar com a história, em cordel, fui buscar o livro em prosa”, revelou. Agora, ele segue fazendo o tipo de literatura que lhe colocou na alma o gosto pela leitura e viagens infinitas.
E não é coisa de cultura popular, mais entendível, diga-se assim, na opinião de Arievaldo. Ele citou Ariano Suassuna, e proferiu: “Não existe cultura popular ou eurudita. O que existe é cultura”. Jô Oliveira olha diferente. Identifica a cultura popular como aquela espiritualmente ligada ao povo, coisas, falas, tradições, vestuários, músicas, histórias e festas. Tudo aquilo que remeta a uma raiz e dê estradas para o novo. Como o carnaval, a festa de São João, ou a fé. A forte fé também de João de Calais.
Visitação a uma escola pública do município de Barra do Ribeiro
Alunos da escola de Barra do Ribeiro encenaram "A peleja de
Chapeuzinho Vermelho com o Lobo Mau", livro da dupla
Jô Oliveira/Arievaldo Viana, lançado recentemente pela
Editora Globo. |