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O barro tem sua história
E atravessa gerações
Inda hoje é encontrado
Porém em decorações
Ou nas feiras nordestinas
Que seguem velhas rotinas
Preservando as tradições.
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Quem no nordeste nasceu
Quem no interior morou
Bebeu água de cacimba
Do caneco não escapou
Era gente sem fricote
Que bebia água de pote
E não nega que tomou.
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Tomei água de quartinha
Penico cheguei a usar
Nossa louça era lavada
Dentro de um alguidar
O café era torrado
Em um caco apropriado
Costume do meu lugar.
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Recordo a velha tacha
Nos banhos do meu rincão
Uma vasilha de barro
Que colocada no chão
Pro banho da meninada
De água era abarrotada
Puxada do cacimbão.
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Era a panela de barro
Que cozinhava feijão,
Nela hoje inda se faz
Peixe cozido e pirão
Procuro na minha mente
E trago para o presente
Costumes do meu sertão.
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Eu também fui modelada
Neste barro nordestino
Onde enterrei meu umbigo
Plantando assim meu destino
Viver distante do agreste
Sendo barro do Nordeste
Confesso não me imagino.
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Texto e foto de Dalinha Catunda