segunda-feira, 23 de julho de 2012

Mote de Cícero Cavalcanti


GLOSAS EM PROFUSÃO
NO JORNAL DA BESTA FUBANA

Tem um lugar na Internet onde os talentos proliferam e a criatividade fez moradia. É tanto poeta, escritor, compositor, cantor e tantas outras modalidades de artistas que a gente até se admira.


Estou falando do Jornal da Besta Fubana, comandado pelo grande Luiz Berto Filho, também conhecido como Papa Berto I, já que acumula a função de editor do JBF com a de Papa da Igreja Católica Apostólica Sertaneja.


Esta semana o Cardeal Cícero Cavalcanti propôs o seguinte mote:


"Por essa mulher que eu amo
Eu viro o mundo do avesso"


Pra incentivar o pessoal, ele mesmo fez essa glosa, na qual se percebe uma nítida vocação limeiriana, ou seja, influenciada pelo estilo de Zé Limeira, o poeta do absurdo:


Eu bato em sete petista
Com surra de muê macho
Sete cruzado nas vista
Quatro em riba e três em baxo
Depois parto pro esculacho
E cago em sete endereço
E pra provar meu apreço
Cago, ando e esparramo
Por essa mulher que  amo
Eu viro o mundo do avesso.


Não demorou para chegarem as glosas dos outros fubânicos. Deixei junto ao nome do autor a data e hora da postagem de cada glosa, para os visitantes deste Mundo Cordel terem noção do movimento.


Lá vai!


Dom Capeta Cardeal Marco di Aurélio Diz: 
11 julho 2012 às 18:47
Eu já num bato em ninguém
cum medo de apanhar
sete cruzado eu num tem
tivesse num ia gastar
perciso mermo é de reza
é disso que mais careço
e vivo rezano um teço
pra ver se vou escapando
“por essa mulher que amo
eu viro o mundo do avesso”.


Monsenhor Fred Monteiro Diz: 
11 julho 2012 às 18:55
Queria ser um poeta
Mas poeta de verdade
Com muita capacidade
e o brilho de um esteta
Porém é difícil a meta
de poetar sem tropeço
custou-me um amargo preço
que eu pago e não reclamo
Por essa mulher que amo
Eu viro o mundo do avesso.


Monsenhor Fred Monteiro Diz: 
11 julho 2012 às 19:02
Mas de repente eu me arreto
se vejo que a coisa é braba
pelos chifre eu pego o cabra
e derrubo ele no chão
dou-lhe cinco bufetão
quebro o braço e boto o gesso
se reclamar do tropeço
chamo o viado de gamo
“por essa mulher que amo
eu viro o mundo do avesso”


Dom Capeta Cardeal Marco di Aurélio Diz: 
11 julho 2012 às 19:08
Um pueta que nem eu
que apanha da mulé
só faz o que ela quer
e por isso não morreu
um cristão virar ateu
por pagar tão alto preço
condenado não mereço
por isso na terra clamo
“Por essa mulher que amo
eu viro o mundo do avesso”.


Fred,
Meta a xibanca, doidiça também é poesia, visse?


Cardeal Huytamar Diz: 
11 julho 2012 às 19:11
Só mesmo sendo um pateta
pra na peleja querer entrar
num tenho veia de poeta
preciso mesmo me conformar
falta o talento que faz rimar
correndo o risco de tropeço
me arrisco a pagar o preço
acompanho o Capeta meu amo
e Por essa mulher que amo
Eu viro o mundo do avesso


Dom Capeta Cardeal Marco di Aurélio Diz: 
11 julho 2012 às 19:21
O Cicim tacou foi fogo
assoprando na coivara
e a lua nem é clara
ele não é demagogo
soube começar o jogo
ele é mole eu endureço
eu cum ele não pareço
ele vai e eu não chamo
“Por essa mulher que amo
eu viro o mundo do avesso”.


Huytamar,
Um dia vosmecê se encosta. Vá treinando!


Monsenhor Fred Monteiro Diz: 
11 julho 2012 às 19:25
Capeta eu meto a xibanca,
pá, enxada e estrovenga
gosto de entrar na arenga
e meter minha alavanca
de muié gosto das anca
mas nunca que eu reclamo
nuns peito vou lá e mamo
pois é coisa que eu mereço
“eu viro o mundo do avesso
por essa mulher que amo”


Monsenhor Fred Monteiro Diz: 
11 julho 2012 às 19:31
Ô Dom Marco eu já tava cum saudade
das peleja qui nóis fez pur aqui
tarde inteira naquele ti-ti-ti
que acordou meia dúzia de cidade
e que deu a maior felicidade
prum poeta que é só meia-caneta
pois da bala não sou nem espoleta
sou somente aprendiz de tanto fera
que na Besta Fubana prolifera
com a força de mais de mil Capeta!


Monsenhor Fred Monteiro Diz: 
11 julho 2012 às 19:36
Seu Ciço entre na roda
e vamo fazê fuá
tu só fez foi começá
e nu’instante entrou na “coda”
e o Capeta se incomoda
não vá entrar na retranca
porque se fechar a tranca
nossa roda vai murchar
e se a rima se acabar
eu guardo minha xibanca


Dom Capeta Cardeal Marco di Aurélio Diz: 
11 julho 2012 às 20:17
Cicim botou um retrato
meio lusco, mei velado
uma ôreia em cada lado
cabelo camim de rato
camisa – um desacato
de uma cor que eu derramo
de baitola não lhe chamo
ele é meio travesso
“Eu viro o mundo do avesso
pela mulher que eu amo”.


CARDEAL CÍCERO CAVALCANTI Diz: 
11 julho 2012 às 20:17
Eu não fujo da retranca
Nem mijo fora do caco
Papagaio e currupaco
Comigo num bota banca
Se eu subir na tamanca
De lá de riba te chamo
Mulé me bate que eu gamo
Me xinga que eu bem mereço
Por essa mulher que amo


CARDEAL CÍCERO CAVALCANTI Diz: 
11 julho 2012 às 20:32
Eu taco fogo na igreja
Por conta da minha sina
Depois chumbrego a menina
Tomano a minha cerveja
Não há um só ser que seja
Que faça o fim no começo
Por isso é que em meu tropeço
Eu quase nunca reclamo
Por essa mulher que eu amo
Eu viro o mundo do avesso


Dom Capeta Cardeal Marco di Aurélio Diz: 
11 julho 2012 às 20:57
Tacaram fogo na igreja
trocaram o sino na sina
acunharam na menina
tomaram minha cerveja
essa alma não se alveja
nem chamando Itaerço
o fim já tá no começo
e esse peixe eu não descamo
“Por essa mulher que eu amo
eu viro o mundo do avesso”.


Cardeal Itaerço Diz: 
11 julho 2012 às 21:12
Só vou glosar este mote
Porque o pedido foi feito
Com carinho e com respeito
Por um poeta de cepa
Sem rodeio, sem mutreta,
Sem gracejo, sem tropeço…
Pedido assim nao tem preço
Por isso gloso e não reclamo:
“Por essa mulher que eu amo
Eu viro o mundo do avesso”


Ciço, meu mestre, foi o que deu pra arrumar.


monsenhor procopio Diz: 
11 julho 2012 às 21:17
Pra’ cabá minha tristeza
mode eu mi sinti vivo
vorto increve no Besta
num momento não festivo
tento me enturmá dinovo
sabendo que tem um preço
essa minha istripulia
podi sê um distempero
“Por essa mulher que eu amo
eu viro o mundo do avesso”.


Monsenhor Fred Monteiro Diz: 
11 julho 2012 às 21:19
Por essa mulher que eu amo
eu troco a ordem do mote
porque não tem redingote
nem tem renda de mucamo
faz tempo que eu não te chamo
pra ouvir banda em retreta
mas numa festa porreta
baiano não tem tropeço
tiro a criança do berço
viro o mundo pelo avesso


Marcos Mairton Diz: 
11 julho 2012 às 22:27
O mote do Cardeal
é bonito que é danado
e o verso limeirizado
o deixou fenomenal.
Eu não vou fazer igual
mas, se limeirar mereço,
do fim eu faço um começo
e da raiz faço um ramo.
Por essa mulher que eu amo.
eu viro o mundo do avesso.


Dum martelo eu faço um prego
Duma jaca uma pitomba
Dum rabo eu faço uma tromba
Dum receber um entrego.
Se duvidar eu esfrego
minha pé no meu cabeço,
desmancho, faço aconteço,
do que for bom eu reclamo.
Por essa mulher que eu amo.
eu viro o mundo do avesso.
Eu viro o mundo do avesso


Marcos Mairton Diz: 
11 julho 2012 às 22:44
Certa vez vi uma cobra
engolindo uma bacia,
mas o pescoço fazia
muita prega e muita dobra.
Juntei o que foi de sobra,
e comi, pra ver se eu cresço.
Se for pra subir eu desço,
se for pra voltar nos vamo,
por essa mulher que eu amo
eu viro o mundo do avesso.


Madre Superiora Glória Braga Horta Diz: 
12 julho 2012 às 0:04
Eu bato em sete muié
com força de hômi gay
e só mexê com quem é
no momento o meu rei.
A rainha que eu amei,
Minha Mãe que me deu berço
e a quem a vida agradeço,
eu disse ao mundo com clamo:
Por essa mulher que amo
Eu viro o mundo do avesso.


Monsenhor Fred Monteiro Diz: 
12 julho 2012 às 10:38
A Besta é uma mulher
amada por todos nós
eu vivo perdendo a voz
de tanto dizer que é
ovelha gritando méé
cachorro brabo eu conheço
mas mordida eu não mereço
assim mesmo não reclamo
por essa mulher que amo
eu viro o mundo do avesso


Goiano Diz: 
12 julho 2012 às 17:22
Ela se foi para longe
E não deixou endereço,
Mas eu não vou virar monge,
Se preciso, rezo um terço,
Faço oferenda, me agacho
pago prenda, ponho preço.
Seus carinhos eu reclamo
Sabendo que não mereço:
Por essa mulher que amo
Eu viro o mundo do avesso




Fonte: http://mundocordel.blogspot.com.br