sábado, 29 de outubro de 2011

A Biblioteca Viva em Verso

Por Ana Virgínia Chaves de Melo



Nasci em berço nobre, morei em palácios reais.
Fui registrada na Suméria, há muito tempo atrás.
Vi Babilônia florindo encalcada em tábuas de argila;
No Egito, de papiro, vi construindo pirâmides, como uma vila.

E enquanto a antiguidade seguia os seus caminhos, 
eu tive em minhas mãos os seus registros  principais
e guardava em pergaminhos
as conquistas nacionais.





Cuidava desse legado: sua lei, arte e poesia
e também um outro tanto da sua tecnologia.
E um dia, chegou Alexandre, um rei grande e imponente,
me conheceu em Alexandria, meu companheiro frequente.

E, depois de Alexandre, seguiu, de Roma, o reinado.
Recebia Júlio césar e Cleópatra em meu palácio encantado.   
E por causa do descuido do romano imprudente,
fui consumida por fogo, sofrendo terrivelmente.

Mas não é só a fênix que renasce, da cinza transformada,
também a mãe de todo o escrito será sempre renovada.
E fui, então, morar com o clero, e pra encurtar mais a história:
Trabalhei no scriptórium, do raiar ao fim do dia,
e era, códice e incunábulo, o que o escriba preenchia.
Enquanto mandava rei e bispo, eu preservava a memória.

Mas, um dia, ouviu-se um estrondo e um clarão veio da França.
Era a Revolução Francesa e o Iluminismo na liderança.
- Abram as portas depressa! Que todos precisam entrar!
A informação é do povo e a ordem é DISSEMINAR!

Desde, esse tempo, então, ganhei o mundo de um jeito,
que navego em qualquer canto e todo lugar é perfeito.
Seja uma casa ou uma esquina, no palácio ou na favela,
se é com o livro que se afina ou se só lê na “cybertela”.

Agora, não importa mais nada,
nem como, nem  onde estou ancorada,
mas o que vem mesmo primeiro
é que o usuário, leitor ou cliente,  
acesse informação pertinente
que o trouxe a esse cruzeiro.