Como centenas de bibliotecas municipais sacrificadas pelo plano de austeridade britânico, a de Kensal Rise também fechou suas portas. Mas a resistência se organiza e os moradores desse bairro multiétnico de Londres não perdem a esperança de vê-la renascer.
No exterior do grande prédio vitoriano de tijolos, agora proibido ao público, na esquina de duas ruas povoadas de pequenas casas e de algumas lojas comerciais, uma biblioteca alternativa aparece. Livros trazidos pelos moradores estão à disposição das pessoas que passam por ali, podendo até pegá-los emprestado.
| Ben Stansall/France Presse | |
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Biblioteca centenária Kensel Rise, cuja fundação ocorreu em 1900 pelo escritor Mark Twain, fechou as portas |
"Salvem nossa biblioteca"; "deixem-nos administrá-la", proclamam cartazes colados em suas paredes.
Inaugurada pelo escritor americano Mark Twain, em 1900, Kensal Rise fazia parte das seis "livrarias" de um total de 12 do bairro de Brent (noroeste de Londres) que a prefeitura trabalhista decidiu fechar, há um ano.
Motivos citados: os cortes no orçamento impostos pelo governo e uma frequência considerada insuficiente --uma exigência de economia que ameaça, atualmente, as mais de 400 bibliotecas municipais do país, ou 10% de seu número total, segundo os que se opõem ao fechamento.
Revoltados por uma decisão que penaliza, segundo eles, os mais carentes, os moradores de Kensal Rise se dizem dispostos a reagir.
"Foi um choque, era um lugar de vida no bairro", comenta Paula Gomez, mãe de família, escandalizada com o fato de uma "prefeitura trabalhista ter uma tal mentalidade".
"Pessoas veem ler o jornal, usar os computadores, os desempregados os consultam para procurar trabalho, e as crianças encontram ajuda para fazer seus deveres de escola", enumera ela.