Construída no Século 16 em estilo barroco, estrutura lembra templo religioso
Em qualquer universidade, a biblioteca é uma dos lugares mais
importantes. Tranquilo, o local reúne livros e documentos necessários
para os estudos e pesquisas dos alunos. Algumas bibliotecas se destacam
pelo acervo ou pela arquitetura. Em Coimbra, Portugal, a Biblioteca
Joanina, da Universidade de Coimbra, chama a atenção nos dois aspectos: é
especializada em livros antigos, até 1800, e foi construída, no
Século18, em estilo barroco. Além da Joanina, outra biblioteca foi
construída nos anos 1960 na universidade. Juntas, elas formam a Biblioteca Geral, que tem parte do acervo na internet, através da Biblioteca Geral Digital.
Prof. José Bernardes, diretor da Biblioteca Geral
(Foto: Divulgação)
Suntuosa, a Biblioteca Joanina chega a lembrar uma igreja, só que em
vez de um santo no altar, há, em destaque, um quadro de D. João V, que a
construiu em 1728, após 12 anos de trabalho. A maior e a mais antiga
biblioteca de todo o mundo lusófono, foi uma extrapolação do pedido do
então reitor da Universidade de Coimbra, que havia solicitado apenas uma
reforma na antiga biblioteca, sem condições de receber mais livros.(Foto: Divulgação)
“O edifício constitui um belíssimo exemplo do barroco tardio. O seu interior reforça a ideia de templo, onde tudo converge para uma espécie de altar – neste caso constituído pelo retrato emoldurado do monarca. Embora ilustrando o tópico da ostentação – nas pinturas dos tetos, nas decorações das colunas e das estantes – existe uma inesperada ideia de geometria e de equilíbrio. Talvez esta mistura entre a ostentação barroca e a celebração da racionalidade na sua organização e funcionamento seja o que faz da Biblioteca Joanina um espaço único. Pelo menos, não tem sido fácil encontrar na Europa espaços congêneres construídos naquela época”, diz, orgulhoso, o professor da Faculdade de Letras e diretor da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, José Bernardes.
A biblioteca reúne, em seus três pisos, quase 56 mil volumes, com destaque para o acervo de livros antigos, compostos por documentos do Século 16 ao Século 18. Há coleções relevantes nas áreas de ciências sociais, artes, medicina, atlas, história, direito, teologia, literatura, dentre outras. De acordo com Bernardes, um dos tesouros da Biblioteca Joanina é a primeira edição da “Fábrica do Corpo Humano”, atlas de anatomia do belga Andreas Vesalius, lançado em 1543.
Toda biblioteca precisa fazer restauração de suas obras. Algumas delas, se não reformadas, não podem ser consultadas pelo público sob risco de se deteriorarem a tal ponto que a informação seja perdida para sempre. Na Biblioteca Geral, a área de tratamento técnico de livro antigo apoia projetos neste sentido, mas, por não ter um oficina de conservação própria, as obras selecionadas são enviadas para a Biblioteca Nacional de Portugal, em Lisboa. Os critérios de seleção levam em conta o estado de conservação, o conteúdo, o valor patrimonial e a raridade do documento.
“Desde 2007, a Biblioteca Geral implementou a campanha ‘SOS Livro Antigo’, destinada a captar apoios para a recuperação preventiva e restauro de algumas obras valiosas existentes nas suas coleções. No âmbito desta campanha, diversas obras já sofreram intervenção, como, por exemplo, a primeira edição de ‘Os Lusíadas’”, conta Bernardes.
Salão nobre da Biblioteca Joanina
(Foto: Divulgação)
Um outro projeto, que começou no fim de 2005, une a preservação e a
democratização do acervo: a Biblioteca Geral Digital. Segundo o diretor
da Biblioteca Geral, a digitalização pretende disponibilizar
gratuitamente, e para uma maior quantidade de pessoas, obras importantes
do patrimônio da universidade. Há desde verbetes das obras existentes
na biblioteca, o que facilita a busca, até livros e documentos
disponíveis integralmente – podendo, inclusive, ser baixados.(Foto: Divulgação)
“Os conteúdos da nossa biblioteca digital estão, em parte, integrados à Europeana Local (Biblioteca Digital Europeia). Existe o interesse de retomar a cooperação com a Biblioteca Nacional de Portugal (Projeto Patrimonia), no sentido de promover a catalogação partilhada do patrimônio bibliográfico português, existente nas bibliotecas portuguesas e em outros projetos de cooperação internacional, como o CERL (Heritage of the Printing Book Database), como forma de projeção e divulgação dos seus acervos”, conta Bernades.
Biblioteca de Estudos Brasileiros
Ligada ao Departamento de Línguas, Literaturas e Culturas, a Biblioteca de Estudos Brasileiros já foi batizada de Instituto de Estudos Brasileiros e surgiu como Sala do Brasil, em 1925, parte da iniciativa da Faculdade de Letras de criar salas para as literaturas estrangeiras. A Biblioteca de Estudos Brasileiros é procurada em função de seu acervo e organiza eventos relacionados à memória cultural brasileira.
“Este ano, seguindo uma orientação da Reitoria da Universidade de Coimbra, que propôs integrar a Semana Cultural Brasileira na Semana Cultural da Universidade, o projeto será ‘Viagens do Carnaval’. O carnaval, nascido na Europa, foi levado pelos portugueses ao Brasil, onde tomou as mais diferentes formas. A semana vai ocorrer entre 15 e 31 de março, e já temos muitas inscrições de alunos e professores. Até alunos Erasmus, isto é, alunos estrangeiros, vão participar, mostrando o carnaval em suas terras. Vêm professores do Brasil, apoiados pela Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), muitos alunos vão apresentar trabalhos e até a escola de samba Amigos da Tijuca, aqui da Mealhada, vai se apresentar”, diz a professora convidada com Agregação da Universidade de Coimbra e diretora da Biblioteca de Estudos Brasileiros, Maria Aparecida Ribeiro.
Siga@tvguniversidade
Fonte: http://redeglobo.globo.com/globouniversidade/noticia/2012/02/biblioteca-joanina-e-maior-e-mais-antiga-de-todo-o-mundo-lusofono.html