Um
projeto da Câmara Brasileira do Livro [CBL] que começou a ser desenhado
há cerca de dois anos começa a sair do papel agora, com o objetivo de
instituir um novo padrão de cadastramento para todos os livros
publicados no Brasil, como já acontece em outros países. A promessa é
que, a partir dessa iniciativa, as editoras passem a atualizar
informações completas sobre seus catálogos seguindo as mesmas diretrizes
e disponibilizando os dados de forma eletrônica e instantânea a todos
os interessados: canais de venda, bibliotecas, leitores etc. Em resumo, a
ideia é fazer com que o mercado editorial tenha acesso a informações
atuais e precisas, de maneira mais prática e eficiente do que acontece
hoje.
Batizada
de Cadastro Nacional do Livro [CANAL], a plataforma recebeu até agora
investimentos de R$ 197 mil por parte da CBL, de acordo com Karine
Pansa, presidente da entidade. Ela destaca que o aporte é significativo,
comparável ao custo do Censo do Livro, que é realizado anualmente pela
Fipe com recursos da CBL e do Snel, o sindicato dos editores.
Este
mês, o CANAL entra em período de testes com a participação de cinco
editoras selecionadas pela CBL – entre elas a Saraiva, Gente e Loyola –,
que começam a experimentar a plataforma. A expectativa da entidade é
que a fase “beta” do projeto aponte o que precisa ser corrigido, para
que o lançamento oficial do mesmo aconteça no segundo semestre do ano.
De
forma simplificada, o CANAL é um software que estabelece uma série de
campos que devem ser alimentados com os dados de cada livro – os
“metadados”, em linguagem técnica. As editoras deverão preencher no
mínimo 17 campos obrigatórios [como título e ISBN], mas há até 170 que
elas podem utilizar, o que permite montar um banco de dados bastante
refinado – há a possibilidade de incluir a capa e trechos da obra, por
exemplo. As informações também seguem uma ordem definida.
Todo
esse modelo é dado pelo Onix for Books, um padrão de intercâmbio de
dados que surgiu em 2000 e, hoje, em sua terceira versão, é considerado o
padrão internacional de informação eletrônica para a indústria do
livro. Os mercados editoriais dos Estados Unidos, Inglaterra, Espanha e
Alemanha já utilizam o Ônix de forma corrente, segundo Karine Pansa. A
adoção do Ônix foi definida dentro do grupo de trabalho de metadados do
Cerlalc, órgão de fomento do livro na América Latina ligado à Unesco, do
qual a CBL participa.
De acordo com a presidente da entidade, a utilização do CANAL por parte das editoras oferecerá uma série de vantagens. “O
editor poderá gerir todo o seu catálogo por meio dessa plataforma,
atualizando as informações e indicando, por exemplo, quais livros estão
disponíveis ou esgotados”, afirma. “Essas
informações estarão acessíveis ao mesmo tempo às livrarias, sites de
comércio eletrônico, bibliotecas, enfim, a todos os interessados.” Segundo Karine, hoje, no país, esse processo acontece “manualmente”. “As
livrarias têm equipes de funcionários só para receber relatórios
mensais das editoras e atualizar os sistemas com as informações
atualizadas.” Com o CANAL, a editora poderá atualizar as informações e as mesmas estarão disponíveis, ao mesmo tempo, para todo o mercado.
Karine
destaca que a Biblioteca Nacional também vai ser beneficiada pelo uso
da plataforma, pois poderá receber de volta, com mais facilidade, as
informações corretas sobre os livros publicados – isso porque muitos dos
dados informados pelas editoras ao pedir o ISBN dos livros ainda não
são os definitivos.
O
CANAL deverá ir ao ar com 450 mil títulos já cadastrados, cujos dados
são provenientes da BN. Mas caberá às editoras atualizar todo esse mar
de informações. A partir do lançamento oficial do projeto, a CBL informa
que iniciará uma programação de cursos e palestras para ensinar e
conscientizar o mercado sobre o uso da plataforma.
Para conhecer melhor o projeto, você pode acessar dois sites: o http://www.cbl.org.br/canal e o http://www.canal.org.br.