segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Como ganhar as eleição



COMO GANHAR AS ELEIÇÃO

Tá chegando as eleição
E as notícia se espalha
Candidato de oposição
É o que mais trabalha
Surge as tal coligação
Vão selando as união
Começa logo a batalha

Meu Brasil é engraçado
É torto mais endireita
Não vende voto nem troca
Por um almoço ou cesta
O povo tá esclarecido
Não vai votar em bandido
O povo não é mais besta

Quando chega as eleição
A cidade se sacode
Começa o reboliço
Comício, festa e pagode
Vice briga com prefeito
Doidinho pra ser eleito
Te acalma! Segura o bode

Nas cidades é uma fileira
De candidato é uma festa
É lançamento de campanha
É reunião é palestra
De cachaceiro a devoto
Todos vão atrás dos voto
Candidato que nem presta

Mas o tempo não pára
E é pro bem da Nação
São muitos os concorrentes
É tipo rato em porão
Foto shop, tudo novo
Prontos pra enganar o povo
Que vota sem ter noção

Campanha é uma estratégia
Tem que ser então pensada
Carro de som, caminhão
Uma música bem animada
Cabo eleitoral com dinheiro
Pra comprar voto ligeiro
E mulher boa, sarada




Short curto, bandeirolas
Moiçolas mostrando as perna
Um sanfoneiro invocado
Um zabumbeiro pai d’égua
Diga que o Ex foi um nada
A cidade foi abandonada
Fale mal, não lhe dê trégua

Para ficar bem na foto
Convoque todos os safados
Vereador sem ter voto
Candidato a deputado
Junte todos os segmentos
Faça conchavo é o momento
Não exclua o necessitado

Convoque os linguarudos
Os cachaceiro pro seu lado
Chame todos os chifrudo
Os sapatão e os viado
Faça uma reviravolta
E pode fazer as aposta
Que você ganha folgado

Escolha as palavra chave
No seu discurso festeiro
Fale de Lula e de Dilma
De como aplicar dinheiro
Que a coisa agora vai
Tempo ruim foi pra trás
Na vida do brasileiro

Que vai melhorar a saúde
Olhar mais pra educação
Que a qualidade de vida
É um direito do cidadão
Fale frases de efeito
Prometa que no seu pleito
Quem vai mandar é o povão

Encomende umas camiseta
Com um slogan de primeira
Caixa de som, foguetão
Afirme-se na dianteira
E sustente o pisa-pisa
Nós lideramo as pesquisa
“é a conversa na feira”





Prometa que vai fazer
Tudo pelo social
Que incentivará programas
Invista no carnaval
Diga orai irmão, bendito seja
Que vai ajudar as igreja
Que a vitória é triunfal

E se na tal das pesquisa
Notar que não tá na frente
Contrate logo um instituto
Astuto e eficiente
Divulgue-se na dianteira
Que a pesquisa é verdadeira
É fácil enganar gente.

Mande adesivar os carro
Com frases de esperança
Uma foto sua novinha
Represente a tal mudança
Chame todos da cultura
Funcionários da prefeitura
Que sua campanha avança

Tenha jogo de cintura
É pura inteligência
Forme um grupão coeso
Tem que agir com insistência
A eleição é uma guerra
E quem acerta não erra
É um jogo de sapiência

Faça comício na zona
No cabaré, na rural
Lá na praça do mercado
No Estádio Municipal
Lá nas rua esburacada
Beba com a rapaziada
Imagem é fundamental

A mentira é a ferramenta
Você terá que adotá-la
Em reunião, seminário
É parte da sua fala
Minta com autenticidade
Que soa como verdade
Nas entrevista, na sala.

 É muito importante citar
Número de lei e de data
No seu comício inflamado
Abasteça o povo com lata
Da redonda ou da Brahma
Que a campanha tá ganha
E o adversário se mata

E agora que tá na moda
O cuidar do meio ambiente
Diga que é ambientalista
Que é da lista de frente
Proteger é uma beleza
Defenda a natureza
Mentir é bom pra essa gente

 “Vou investir no idoso”
“No menor abandonado”
“Vou acabar com o Crak”
Ô vício amaldiçoado
Afirme como premissa
Que ajudará a polícia
A recuperar o drogado


E se bem no finalzinho
Da campanha faltar nota
Alie-se ao empresariado
Peça emprestado a agiota
Quem não deve não teme
Pague com o F.P.M
Reserve logo essa cota

Prepare uma boa turma
Boca de urna é importante
Use a tática corpo a corpo
Um locutor bem falante
Nos debate é prometer
Nem que não venha fazer
Aquilo que disse antes

E no comício derradeiro
Agradeça os favores
Desde a sede da cidade
Aos bairro e interiores
Do juiz ao esmolé
Peça pra votar com fé
Convença os eleitores

 Quanto mais você iludir
O eleitor se deleita
Fale em melhorar a saúde
Que a educação tem receita
E pra aumentar o nível
Prometa até o impossível
Que esse povo aceita

E na festa da vitória
Como sinal de quem ama
Chame logo da Bahia
Dois conjuntão de fama
Só pra segurar o embalo
Contrate Ivete Sangalo
E Chiclete com Banana




  *Paulo Roberto Gomes Leite Vieira ou resumindo:
   Paulinho Nó Cego, jornalista e compositor.
   Poeta popular Cordelista nascido em Pedreiras
   do Maranhão, terra de João do Vale, no dia
   1º de maio de 1962. É membro fundador da
   Akademia dos Párias em São Luís e servidor da
    Funasa. (98) 88208252 – paulo.nocego@yahoo.com.br

Paulinho Nó Cego se insere na categoria de poetas que seguem e assumem a tradição da poesia satírica. Sua poética aponta para as mazelas causadas pela má gestão de políticos e governantes durante o cumprimento de seus mandatos, nos respectivos cargos que ocuparam ou ocupam. Seu canto de estilo jocoso ou às vezes grave, é sempre carregado de denúncia social e da crítica aos desmandos públicos.
Demonstrando intimidade com o verso o cordelista muda constantemente as terminações das rimas ao longo das estrofes, o que enriquece sua ourivesaria vérsica e dota-a de dinamismo e vida, libertando-a das cansativas repetições sonoras que saturam os versos de muitos cordelistas.
Em muitas ocasiões, sem dispor de nenhum arsenal metafórico, o cantador dispara contra seus adversários, numa demonstração de coragem e ousadia, chegando a, por vezes, nominá-los diretamente, ora assinalando-os e advertindo-os, ora ridicularizando-os antes de entregá-los definitivamente aos leitores. De fato, como todo cantor de inspiração social, Paulinho busca vivenciar seu canto cujo tom vibrante e empolgado acaba soando como sua vingança pessoal, ou como ele canta: “O cordel pra mim é vida/É a válvula de escape/Não tenho porte de arma/A rima é meu tacape/Depois do esqueleto feito/Não tem juiz de direito/Que dele corra ou escape/”.

Couto Correa Filho
(Poeta e Curador)







A Literatura de Cordel.

Nas feiras do Nordeste é muito comum encontrar-se bancas onde são vendidos folhetos que atraem a atenção de todos. É a denominada Literatura de Cordel. Estes escritos em versos (sextilhas, septilhas, ou décimas), tratam dos assuntos mais variados. Cordel é também o jornal nordestino. O nome Literatura de Cordel foi dado a estes livretos porque eles são vendidos nas feiras e nas portas das lojas, encarreirados em cordas e presos por prendedores de roupas.

O cordel sobreviveu ao radinho de pilha e ao avanço da televisão no agreste. Esse jornal do sertão transmitido de pai a filho, de geração a geração, essa literatura popular resistiu a tudo e a todos, aos progressos da tecnologia moderna.

É difícil calcular a importância da Literatura de Cordel na existência do nordestino. É muito comum as pessoas se reunirem em torno de alguém que saiba ler, para ouvir e até decorar os versos dos folhetos. É provável que grande parte das informações e conhecimentos chegue ao povo do interior através da Literatura de Cordel.

A imigração nordestina espalhou interesse por esses folhetos por todo o Brasil

·          Nilza B. Megale – (Folclore Brasileiro – Ed. Vozes 2000)





































Obras do Autor:

                                                “Os outros e eu. Poemas e Bobagens”,
“Padeiro-Professor”,
“A História da FUNASA”,
“Seu Zeca e o Alcoolismo”,
“Um celular fora de área e uma esposa desempregada”,
“Um cordel para Pedreiras”,
“Dr. Lilás”,
“O secretariado petista segundo o rei do gado”,
“A FUNC e a cobrança do poeta”,
“Quem sou eu?”,
“Reunião travada”,
“O pacto que Nicodemos fez com o Diabo”,
“Um cordelzinho para Lula”,
“Pára-quedas no serviço público”,
“Um sujo chamado”,
“Caga na sacola”,
“Os anões do orçamento”,
“Proposta ao deputado”,
“A queda de um pássaro”,
“Eu era 10 e ele também”
“Verso Ferrado”,
“Um pedido de emprego”,
“A cobra é minha chefa”,
“Rima louca”
“Não se futuca onça com vara curta”
“Um cordelzinho pras águas doces”
“Quilombo Graça de Deus”
“Rui Pisa na Bola”
“O salão da Congelseg”
“Como Ganhar as Eleição”
“Um cordel pra Academia”