Postado por Varneci Nascimento em 21/12/2012
A SAGA DE JESUÍNO BRILHANTE.
Quando se fala em cangaço, o personagem mais lembrado é aquele considerado o maior deles, o primeiro sem segundo, o intrépido e temível Lampião. Todavia a história nos mostra que outros abriram o caminho para que ele passasse e reinasse praticamente incólume, sem que fosse abatido. Mas a história deixa as suas marcas e os historiadores poetas ou poetas historiadores estão sempre em busca destas para inovar sua arte, criar novas obras, encantar seus leitores. O cangaço de fato é um dos assuntos preferidos do cordel, mas não o único, pois a literatura é abrangente, está em busca dos mais simples aos mais complexos dramas humanos.
É o caso do cordelista natalense Nando Poeta radicado em São Paulo há cerca de cinco anos e que espalhou a sua poesia para o Brasil. Chegou tímido na Luzeiro buscando ler os clássicos dos cordéis brasileiros. Mas o seu apelido - Poeta, somado à sua história de vida que inclui engajamento nos movimentos sociais, aos poucos se tornaram um convite para lançar as redes em águas mais profundas no mar gigantesco do cordel. E ele seguiu um conselho interessante: “não tenha medo”. Corajoso, arriscou-se a escrevinhar as primeiras estrofes. De uma humildade singular, virtude nem sempre presente na maioria dos escritores, foi mostrando seus versos aos amigos que tem em boa parte do país. Os verdadeiros o incentivaram e corrigiram, os falsos elogiaram, os orgulhosos o mandaram parar e seguir no sindicato, os bondosos o abraçaram e o cordel mandou que ele seguisse lendo Leandro Gomes de Barros, José Camelo de Melo entre tantos outros gênios dessa arte secular.
A SAGA DE JESUÍNO BRILHANTE.
Quando se fala em cangaço, o personagem mais lembrado é aquele considerado o maior deles, o primeiro sem segundo, o intrépido e temível Lampião. Todavia a história nos mostra que outros abriram o caminho para que ele passasse e reinasse praticamente incólume, sem que fosse abatido. Mas a história deixa as suas marcas e os historiadores poetas ou poetas historiadores estão sempre em busca destas para inovar sua arte, criar novas obras, encantar seus leitores. O cangaço de fato é um dos assuntos preferidos do cordel, mas não o único, pois a literatura é abrangente, está em busca dos mais simples aos mais complexos dramas humanos.
É o caso do cordelista natalense Nando Poeta radicado em São Paulo há cerca de cinco anos e que espalhou a sua poesia para o Brasil. Chegou tímido na Luzeiro buscando ler os clássicos dos cordéis brasileiros. Mas o seu apelido - Poeta, somado à sua história de vida que inclui engajamento nos movimentos sociais, aos poucos se tornaram um convite para lançar as redes em águas mais profundas no mar gigantesco do cordel. E ele seguiu um conselho interessante: “não tenha medo”. Corajoso, arriscou-se a escrevinhar as primeiras estrofes. De uma humildade singular, virtude nem sempre presente na maioria dos escritores, foi mostrando seus versos aos amigos que tem em boa parte do país. Os verdadeiros o incentivaram e corrigiram, os falsos elogiaram, os orgulhosos o mandaram parar e seguir no sindicato, os bondosos o abraçaram e o cordel mandou que ele seguisse lendo Leandro Gomes de Barros, José Camelo de Melo entre tantos outros gênios dessa arte secular.
O mundo vivia o auge da crise financeira e em pouco tempo estava pronto o primeiro trabalho de sua verve, A Turbulência Econômica. E começava bem, pela maior e mais importante editora de cordel do Brasil, a Luzeiro, sonho de todo poeta que conheceu o gênero através de suas publicações. Em poucos meses, graças ao engajamento a edição se esgotara, pois os sindicatos acolheram sua obra e a partir dela promoveram importantes debates. Mas o potiguar ousado percebeu que havia uma lacuna a ser preenchida no meio de outras categorias; foi quando homenageou as mulheres em Mulheres em luta; depois os trabalhadores com O primeiro de maio, e em seguida, sonhou longe querendo a construção de uma nova central sindical de luta publicando então, A arte de lutar.
O sociólogo Nando sabe da importância do estudo e por isso buscou conhecer mais e melhor a história do cordel, seus autores, suas influências, o meio em que viveram e as condições em que espalharam sua poesia. Partindo deles também espalhou a sua. Após a experiência acumulada lança agora um trabalho a respeito do Jesuíno Brilhante, um homem bem sucedido em sua época, mas que resolveu trilhar pelo cangaço, deixando que a vingança e a violência dominassem o seu coração.
Depois de ler quase tudo que se referisse ao cangaceiro, é assim que Nando o apresenta:
Jesuíno Alves Brilhante,
Agricultor, fazendeiro,
Um homem bem-sucedido
Laçador e bom vaqueiro.
Mas querendo se vingar
Passou a ser cangaceiro.
Escrever sobre Jesuíno tornou-se um desafio, já que pouco se contou sobre ele. Mas o poeta cônscio de sua arte não o teme. É feito o garimpeiro que busca a pedra mais preciosa. Nestas estrofes encontraremos a intrepidez e a coragem de um cangaceiro que enxergava à frente do seu tempo. Homem que respeitava as mulheres, dando-lhes voz, vez, espaço e respeito.
Para entrar no seu bando,
Cumpriria o mandamento:
Não tocar no que é alheio,
Mulher, só no casamento.
Todos os membros que entrassem
Faziam esse juramento.
Roubar era de fato proibido ainda que fosse para servir ao bando. Mesmo entre os violentos existem regras a serem cumpridas. Mas viver à margem da lei e da ordem tem seu preço e com Jesuíno não fora diferente.
(...)
Fonte: http://fotolog.terra.com.br