‘A bola da vez’ na biblioteconomia/ciência da informação?
Publicado em 11 nov, 2012 | por Jonathas Carvalho
O conceito de mediação tem sido muito utilizado, seja para processos de pesquisa e investigação acadêmico-científica no âmbito da Ciência da Informação, seja para aplicação nas práticas profissionais no âmbito da Biblioteconomia. É possível, inclusive, cogitar a mediação como pressuposto sine qua non para ocupar o posto de objeto (ou um dos objetos) da Ciência da Informação.
A pergunta que não quer calar é: por quais motivos o conceito de mediação tem sido tão valorizado no âmbito da Biblioteconomia/Ciência da Informação (BCI)? Aponto aqui alguns motivos, a saber:
a) a mediação é um conceito histórico e consistente atrelado a diversas áreas do conhecimento, como o Direito (mediação de conflitos), a comunicação e cultura (mediação e ação cultural) e a educação (mediação como instrumento de prática pedagógica), o que tem permitido uma ampla propagação, adaptação e importação conceitual para outras áreas, incluindo a Ciência da Informação;
b) a mediação, por atribuir um sentido de elo de ligação, conota a perspectiva de unir e ‘amarrar’ processos de condução científica e profissional;
c) a mediação para a BCI tem sido um instrumento para pensar a resolução de conflitos inerentes as concepções práticas, empíricas e teóricas de informação. Porém, a mediação, ao buscar resolver conflitos de informação, não tem a finalidade de harmonizar, mas sim de transformar implicando dizer que a mediação como elemento de transformação das concepções de informação demanda novos conflitos e novos processos de resolução.
d) a mediação tem fortalecido o viés teórico, epistemológico e aplicativo da BCI, o que insere como perspectiva de objeto da área juntamente com o processo de organização da informação.
A necessária reflexão sobre o conceito de mediação
É preciso considerar que o conceito de mediação ainda não é concebido por uma apropriação crítica na BCI em face dos estudos recentes e da importação conceitual de mediação, especialmente da área de comunicação e cultura, o que causa uma inflação semântica da mediação na BCI.
Desse modo, é fundamental refletir sobre a originalidade do conceito de mediação na BCI, visando não somente uma apropriação crítica, mas uma consistência teórico-epistemológica na área. Para tanto, é preciso considerar os vieses que norteiam as práticas de pesquisa em Ciência da Informação e aplicação profissional na Biblioteconomia, principalmente as bibliotecas, com vistas a conceber possíveis percepções conceituais de mediação da informação na área.
O que é possível afirmar categoricamente é que os estudos sobre mediação da informação possuem um futuro promissor na BCI, pois é um processo que se constitui em um eterno devir teórico-empírico que, além de sólido, por sua finalidade de resolver conflitos de informação, une/liga por sua vez, os processos de produção, organização, representação aos processos de acesso, recuperação, uso, apreensão e apropriação da informação, o que elege a mediação, enquanto modus operandi, como um processo vital do paradigma social da Ciência da Informação que envolve dialogicidade e interação permanente.
Acredito que a mediação da informação em nível nacional e global deve contribuir para uma construção exponencial das práticas profissionais e de pesquisa promovendo novas contribuições para pensar as reflexões epistemológicas, teóricas e práticas da BCI.
Portanto, a mediação da informação, em face de sua relevância e consistência teórico-prática, deve ocupar, de forma ainda mais intensa, espaços de produção e aplicação acadêmico-profissional na BCI, incluindo suas inserções disciplinares nos currículos das graduações de Biblioteconomia, assim como expansão das pesquisas de monografia, dissertação, tese e as aplicações de pesquisa/extensão dos professores/pesquisadores, o que pode confirmar a mediação da informação como sendo a ‘bola da vez’ na BCI.
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