Com livros nas mãos e deitados em redes as crianças se aventuram na leitura
FOTO: NATINHO RODRIGUES
É como abrir uma janela para o infinito onde cada página é uma paisagem diferente e as linhas convidam para novas aventuras. Essa é a viagem proporcionada pelos livros. O estudante Donato Dieudonnê, 15, conhece bem essa realidade, vive diariamente o prazer pela leitura. Ele conta que, depois desse encantamento literário, toda a sua família ganhou gosto, vontade de ler mais.
Na semana em que se comemorou o Dia
Mundial do Livro, uma questão surge: como estimular os jovens a ler
mais? Tudo passa pelo hábito, curiosidade, apoio da família e de amigos,
por exemplo. "Eu peguei o primeiro livro e não parei nunca de ler.
Hoje, leio muito e vejo as pessoas gostarem de livros lá em casa. Eu
estimulei isso, fui multiplicador", conta Donato.
E não faltam locais que valorizem o hábito pela leitura e tentem tirar meninos e meninas do ´mundinho´ da televisão e do videogame para se aventurarem por outras histórias. A Organização Não-Governamental (ONG) Frente de Assistência à Criança Carente (FACC), situada no bairro Pio XII, é um desses.
Com um acervo de cerca de 2.500 livros infantis, o Espaço da Leitura é o mais disputado pelos mais de 1.500 frequentadores da FACC. A biblioteca é aberta ao público, oferece empréstimos das obras e rodas de leituras diárias. Deitados em redes ou em ´cadeiras espreguiçadeiras´, os jovens leitores passam a tarde encantados com o mundo ´paralelo´ das histórias de fadas, príncipes e outros seres imaginários.
"Sabemos que a dificuldade de acesso ao livro hoje é muito grande, temos poucas bibliotecas e as obras são caras, mas tentamos estimular os meninos para que cresçam, se desenvolvam e se tornem pessoas críticas. A literatura transforma, muda as pessoas", afirma Fernando Prado, arte-educador da FACC.
Mas, não basta só entregar um livro colorido para uma criança. Para Sara Leite, mediadora de leitura na ONG, o hábito tem que passar, inicialmente, pelo prazer. "Eu leio porque aquilo me desperta algo, me faz bem, é gostoso. Não pode ser só obrigação. Eu ensinei isso para os meus familiares e tenho visto que eles começaram a ler mais por causa de mim", conta.
Promover a leitura, o conhecimento e o lúdico dos livros, tudo isso é possível quando crianças têm acesso a espaços de leitura como, a exemplo das bibliotecas públicas. Porém, sabemos que a realidade é outra. Segundo o primeiro Censo de Bibliotecas Públicas Municipais, realizado em 2010, para cada 100 mil habitantes, existe somente uma média de 2,5 bibliotecas.
Desafios
Para o coordenador de literatura, livro e leitura da Secretaria de Cultura de Fortaleza (Secultfor), Urik Paiva, há uma relação de distanciamento com os livros e isso é provocado por uma soma de fatores. Ele conta que, se por um lado há um mau uso dos recursos e ferramentas da Internet, por outro, há também o preço alto que se paga pelo livro.
"Se formos colocar realmente uma matriz para a falta de interesse por materiais bibliográficos seria a forma como a educação trata o livro. Não é apenas termos professores apaixonados pela leitura e com alto poder de transmissão desse afeto, é uma questão mesmo do modelo. A biblioteca hoje é um acessório da escola. Talvez devesse ser o contrário, escolas construídas em torno das bibliotecas", diz.
Para o coordenador de literatura da Secultfor, é preciso que o poder público esteja alinhado para enfrentar o problema do desinteresse e do acesso ao livro.
"Quero frisar que esse quadro de desinteresse não é generalizado. Fico feliz quando vejo alguém lendo no ônibus. E não é muito raro ver. Existe o poder multiplicador da leitura, que tem uma força tão grande quanto a ação governamental: as pessoas que leem podem trazer mais pessoas", afirma.
A Secultfor conta com diversas ações, dentre elas os agentes de leitura. Eles serão 55 jovens que atuarão em atendimento domiciliar em casas de famílias de cinco áreas de Fortaleza. Durante o mês de maio, passarão por uma formação e a previsão é que comecem a atuar em junho.
IVNA GIRÃOREPÓRTER
E não faltam locais que valorizem o hábito pela leitura e tentem tirar meninos e meninas do ´mundinho´ da televisão e do videogame para se aventurarem por outras histórias. A Organização Não-Governamental (ONG) Frente de Assistência à Criança Carente (FACC), situada no bairro Pio XII, é um desses.
Com um acervo de cerca de 2.500 livros infantis, o Espaço da Leitura é o mais disputado pelos mais de 1.500 frequentadores da FACC. A biblioteca é aberta ao público, oferece empréstimos das obras e rodas de leituras diárias. Deitados em redes ou em ´cadeiras espreguiçadeiras´, os jovens leitores passam a tarde encantados com o mundo ´paralelo´ das histórias de fadas, príncipes e outros seres imaginários.
"Sabemos que a dificuldade de acesso ao livro hoje é muito grande, temos poucas bibliotecas e as obras são caras, mas tentamos estimular os meninos para que cresçam, se desenvolvam e se tornem pessoas críticas. A literatura transforma, muda as pessoas", afirma Fernando Prado, arte-educador da FACC.
Mas, não basta só entregar um livro colorido para uma criança. Para Sara Leite, mediadora de leitura na ONG, o hábito tem que passar, inicialmente, pelo prazer. "Eu leio porque aquilo me desperta algo, me faz bem, é gostoso. Não pode ser só obrigação. Eu ensinei isso para os meus familiares e tenho visto que eles começaram a ler mais por causa de mim", conta.
Promover a leitura, o conhecimento e o lúdico dos livros, tudo isso é possível quando crianças têm acesso a espaços de leitura como, a exemplo das bibliotecas públicas. Porém, sabemos que a realidade é outra. Segundo o primeiro Censo de Bibliotecas Públicas Municipais, realizado em 2010, para cada 100 mil habitantes, existe somente uma média de 2,5 bibliotecas.
Desafios
Para o coordenador de literatura, livro e leitura da Secretaria de Cultura de Fortaleza (Secultfor), Urik Paiva, há uma relação de distanciamento com os livros e isso é provocado por uma soma de fatores. Ele conta que, se por um lado há um mau uso dos recursos e ferramentas da Internet, por outro, há também o preço alto que se paga pelo livro.
"Se formos colocar realmente uma matriz para a falta de interesse por materiais bibliográficos seria a forma como a educação trata o livro. Não é apenas termos professores apaixonados pela leitura e com alto poder de transmissão desse afeto, é uma questão mesmo do modelo. A biblioteca hoje é um acessório da escola. Talvez devesse ser o contrário, escolas construídas em torno das bibliotecas", diz.
Para o coordenador de literatura da Secultfor, é preciso que o poder público esteja alinhado para enfrentar o problema do desinteresse e do acesso ao livro.
"Quero frisar que esse quadro de desinteresse não é generalizado. Fico feliz quando vejo alguém lendo no ônibus. E não é muito raro ver. Existe o poder multiplicador da leitura, que tem uma força tão grande quanto a ação governamental: as pessoas que leem podem trazer mais pessoas", afirma.
A Secultfor conta com diversas ações, dentre elas os agentes de leitura. Eles serão 55 jovens que atuarão em atendimento domiciliar em casas de famílias de cinco áreas de Fortaleza. Durante o mês de maio, passarão por uma formação e a previsão é que comecem a atuar em junho.
IVNA GIRÃOREPÓRTER