segunda-feira, 4 de junho de 2012

Educação e ensino a distância


O que é e como surgiu?

Atualmente é comum ouvir falar sobre a Educação a Distância (EaD) ou em Ensino a Distância, no entanto, esse processo não é recente e existe diferença entre os dois termos. Segundo o professor e gestor José Manuel Moran, a EaD é o processo de ensino-aprendizagem, mediado por tecnologias, onde professores e alunos estão separados espacial e/ou temporalmente. Essa distância por ser mediada por correio, rádio, televisão, vídeo, internet, CD ou DVD, notebooks, e-books, iPods etc. Nesse processo o aluno é quem gerencia seu tempo, suas atividades com maior flexibilidade e autonomia, a partir de trocas interativas, contato com outros alunos e professores.

Quando se fala em Ensino a Distância, uma modalidade da EaD, o foco está no professor que está ensinando algo, ou em um curso que é oferecido, no entanto, existe pouca interação. As diferenças e a escolha dos termos apropriados é importante, porém as linhas são tênues. Existem, por exemplo, a Educação Aberta e a Distância (EAD), Educação Colaborativa a Distância, uma modalidade da EaD. As diferenças referem-se também ao fato de um curso ser presencial, semipresencial ou totalmente virtual, como o e-learning ou ensino-eletrônico. A EAD também é conhecida, em alguns casos, por Tele-Educação.


No mundo

Existem informações sobre os primeiros cursos a distância, por correspondência, a maioria realizados por universidades: Em 1833, na Suécia; em 1840, na Inglaterra; em 1865, na Alemanha; em 1881, um curso de língua Hebraica na Universidade de Chicago. Nos Estados Unidos também existiram filmes educacionais e algumas transmissões por rádio, tudo isso já no início do século XX. As primeiras comunidades científicas e associações trocavam correspondências com materiais e artigos científicos, neutralizando limitações territoriais e contribuindo para a disseminação da informação, da pesquisa e produção acadêmica. No período da Revolução Industrial intensificou-se o surgimento de bibliotecas públicas, que precisavam atender as necessidades educacionais da classe operária ávida por conhecimentos técnicos e complementação dos estudos já adquiridos. Notamos sempre que a necessidade por mais informações e conhecimentos, aliada às inovações das TICs (Tecnologias de Informação e Comunicação) caminham sempre em prol de transformações decisivas na forma de tratar a informação e de transmitir o conhecimento.

Após o final da Primeira Guerra Mundial, conforme o avanço das tecnologias e meios de transporte e comunicação, as populações demandavam maior conhecimento e preparo profissional e cultural. Os cursos regulares presenciais não eram suficientes para atender as necessidades novas e a enorme quantidade de pessoas. “A educação a distância foi utilizada inicialmente como recurso para superação de deficiências educacionais, para a qualificação profissional e aperfeiçoamento ou atualização de conhecimentos. Hoje, cada vez mais foi também usada em programas que complementam outras formas presenciais, face a face, de interação, e é vista por muitos como uma modalidade de ensino alternativo que pode complementar parte do sistema regular de ensino presencial”. (Wikipédia) Veja mais datas importantes sobre a evolução da EAD no mundo aqui.

No Brasil

No Brasil, em 1937 é criado o Serviço de Radiodifusão Educativa, do Ministério da Educação, que promovia aulas no rádio que podiam também ser acompanhadas por material impresso. Em 1939, o Instituto Monitor tornou-se a primeira empresa particular a trazer o serviço de ensino a distância ao país, seguido pelo Instituto Universal Brasileiro (IUB), que em 1941, vem oferecendo cursos profissionalizantes por meio de material impresso e foi, aos poucos, atualizando e incorporando novas mídias. Conforme o avanço tecnológico as instituições foram aperfeiçoando suas aulas e técnicas de ensino a distância. Em 1948 surge a televisão, em 1965 o governo brasileiro lança a primeira TV Educativa. De 1966 a 1974 foram ao ar oito emissoras de televisão educativa em diversos estados. Em 1969 a Fundação Padre Anchieta, mantida pelo Estado de São Paulo inicia suas transmissões promovendo atividades educativas por meio do rádio e da TV. O Telecurso 2000, criado pela Fundação Roberto Marinho, surgiu em 1977 (antes era chamado apenas de Telecurso), e ensina matérias do ensino fundamental e médio por meio impresso e televisivo. Conheça mais datas importantes sobre a evolução da EAD no Brasil aqui.

Regulamentação da EAD no Brasil

Você sabia que já existiu uma Secretaria de Educação a Distância (SEED) no Brasil? Sim, foi criada oficialmente em 1996, no entanto foi extinta e agora seus programas e ações estão vinculados a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (SECADI).

Todos os preconceitos relacionados aos cursos a distância tiveram origem, em parte, na falta de regulamentação por parte do governo federal, o que foi mudado em 1998, por decreto presidencial. Os primeiros cursos superiores regidos por lei no Brasil surgiram em 1999 e atualmente somam 215 cursos reconhecidos pelo MEC.

“As bases legais para essa modalidade foram estabelecidas pela Lei de Diretrizes e Bases na Educação Nacional n°9.394, de 20 de dezembro de 1996, regulamentada pelo decreto n°5.622 de 20 de dezembro de 2005, que revogou os decretos n°2.494 de 10/02/98, e n°2.561 de 27/04/98, com normatização definida na Portaria Ministerial n°4.361 de 2004. No decreto n°5.622 dita que, ficam obrigatórios os momentos presenciais para avaliação, estágios, defesas de trabalhos e conclusão de curso. Classifica os níveis de modalidades educacionais em educação básica, de jovens e adultos, especial, profissional e superior. Os cursos deverão ter a mesma duração definida para os cursos na modalidade presencial. Os cursos poderão aceitar transferência e aproveitar estudos realizados em cursos presenciais, da mesma forma que cursos presenciais poderão aproveitar estudos realizados em cursos a distância. Regulariza o credenciamento de instituições para oferta de cursos e programas na modalidade a distância (básica, de jovens e adultos, especial, profissional e superior)”. – Wikipédia.

Como funciona?

As possibilidades da EaD foram ampliadas conforme o avanço tecnológico, que cada vez mais encurtam as distâncias e oferecem cursos regulares (ensino fundamental, médio, superior e pós-graduação) ou em determinadas áreas do conhecimento teórico ou técnico, voltados às necessidades específicas educacionais e profissionais de milhões de pessoas. O seguimento do ensino-aprendizagem realizado a distância tem propiciado um maior incentivo e autonomia no processo de educação contínua ou continuada. José Manuel Moran acredita que o formato da educação a distância “é mais adequado para a educação de adultos, principalmente para aqueles que já têm experiência consolidada de aprendizagem individual e de pesquisa, como acontece no ensino de pós-graduação e também no de graduação”.

Mas quais são os métodos e diferencias que a educação realizada a distância oferece? Diante do cenário atual socioeconômico caracterizado pelas mudanças trazidas pela geração Web 3.0, nos deparamos com novas figuras sociais, em especial as figuras do professor, do aluno e dos profissionais da informação. A construção do conhecimento tem se dado de maneira colaborativa, a partir da autonomia de produção e publicação, da aproximação que a Web proporciona entre as relações pessoais ou corporativas, e devido a facilidade para o acesso às informações mais variadas. Hoje podemos continuar o aprendizado e complementar nossas necessidades navegando pelas possibilidades que o acesso eletrônico nos proporciona. O conceito de presencialidade mudou.  Bibliotecas, filmes, notícias, dados, gráficos, mapas, fotos, pessoas, empresas, organizações, vídeos, aplicativos etc. Tudo está pulverizado na rede.

“O conhecimento vai ser sendo construído por cada um, que como viajantes, nômades, descobridores, seguem com suas expedições pela web recolhendo arquivos, informações, catalogando dados e montando uma biblioteca particular que atende às suas necessidades. O conteúdo não é mais criado para os outros, mas sim disponibilizado para que possa ser encontrado e utilizado da melhor forma possível e em situações diversas. Trata-se de pequenas peças que irão compor projetos pessoais de estudo, de trabalho, de criações artísticas e de tantas outras ideias. “Todo buscador é um polinizador”, diz Augusto. Ao mesmo tempo em que o viajante está buscando ele está semeando, participando, contribuindo. Não somos consequência das inovações, a tecnologia se inova quando há disposição social para tal, quando surgem novas necessidades e demandas, quando queremos mais...” (Mundos-Fluzz: um multiverso da interação)

Muitos imaginam que a partir de tantas transformações o professor será omitido, mas trata-se justamente do contrário. A figura do professor continua existindo, porém poderá enriquecer suas aulas, poderá atualizar-se com mais frequência e facilidade, poderá promover maior interação com seus alunos por meio das tecnologias, “assim, tanto professores quanto alunos estarão motivados, entendendo aula como pesquisa e intercâmbio. Nesse processo, o papel do professor vem sendo redimensionado e cada vez mais ele se torna um supervisor, um animador, um incentivador dos alunos na instigante aventura do conhecimento”. (José Manuel Moran)
O que é importante ressaltar é que não bastam incorporar a tecnologia, novas formas de comunicação ou novos ambientes virtuais e plataformas informatizadas às aulas, é preciso trabalhar a metodologia mais adequada para que tanto a aula presencial quanto a virtual tenham qualidade e possam atingir seus objetivos. “A EaD, como proposta alternativa do processo ensino - aprendizagem, significa pensar um novo modelo de comunicação, capaz de fundamentar e instrumentalizar a estratégia didática”, nos diz Claudia Landim. Vamos elencar algumas das características e benefícios da EaD:

Autonomia e gerenciamento de horários, atividades e concentração por parte dos alunos (autoaprendizagem).
Rápida atualização dos conteúdos.
Possibilidade de personalização dos conteúdos.
Facilidade de acesso e flexibilidade de horários.
Interatividade com uso de mídias, tecnologia streaming, WEBTVs, acesso simultâneo a diversos conteúdos.
O aluno determina seu próprio ritmo, conforme suas dificuldades e necessidades.
Conteúdo disponível 24 horas.
Grande oferta de cursos.
Largo alcance a variados públicos, sem limites geográficos.
Redução de custos em comparação aos processos logísticos e administrativos da educação formal.
Intercâmbio entre professores, disciplinas e conteúdos produzidos fora do país.
Possibilidade de se trabalhar em grupo ou individualmente.

No Brasil atualmente o modelo predominante de educação ainda é o presencial salvo algumas instituições que mesclam os dois formatos. A educação a distância e os serviços de gestão em aprendizagem sob a mediação da tecnologia estão aos poucos sendo consolidados em diversas iniciativas, algumas felizes outras equivocadas. O processo de transição entre a educação formal e a distância vai se desenrolando aos poucos, de maneira não uniforme, levando em considerações diversos fatores como: as desigualdades sociais e econômicas, motivação, inclusão digital e principalmente a necessidade de uma revisão na metodologia educacional que é anterior às modalidades do ensino. Iremos discutir como anda o cenário da educação informatizada e a distância em um próximo artigo, aguardem! :)
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