O que é e como surgiu?
Atualmente é comum ouvir falar sobre a Educação a Distância (EaD) ou em Ensino a Distância, no entanto, esse processo não é recente e existe diferença entre os dois termos. Segundo o professor e gestor José Manuel Moran,
a EaD é o processo de ensino-aprendizagem, mediado por tecnologias,
onde professores e alunos estão separados espacial e/ou temporalmente.
Essa distância por ser mediada por correio, rádio, televisão, vídeo,
internet, CD ou DVD, notebooks, e-books, iPods etc. Nesse processo o
aluno é quem gerencia seu tempo, suas atividades com maior flexibilidade
e autonomia, a partir de trocas interativas, contato com outros alunos e
professores.
Quando se fala em
Ensino a Distância, uma modalidade da EaD, o foco está no professor que
está ensinando algo, ou em um curso que é oferecido, no entanto, existe
pouca interação. As diferenças e a escolha dos termos apropriados é
importante, porém as linhas são tênues. Existem, por exemplo, a Educação
Aberta e a Distância (EAD), Educação Colaborativa a Distância, uma
modalidade da EaD. As diferenças referem-se também ao fato de um curso
ser presencial, semipresencial ou totalmente virtual, como o e-learning ou ensino-eletrônico. A EAD também é conhecida, em alguns casos, por Tele-Educação.
No mundo
Existem
informações sobre os primeiros cursos a distância, por correspondência,
a maioria realizados por universidades: Em 1833, na Suécia; em 1840, na
Inglaterra; em 1865, na Alemanha; em 1881, um curso de língua Hebraica
na Universidade de Chicago. Nos Estados Unidos também existiram filmes
educacionais e algumas transmissões por rádio, tudo isso já no início do
século XX. As primeiras comunidades científicas e associações trocavam
correspondências com materiais e artigos científicos, neutralizando
limitações territoriais e contribuindo para a disseminação da
informação, da pesquisa e produção acadêmica. No período da Revolução
Industrial intensificou-se o surgimento de bibliotecas públicas, que
precisavam atender as necessidades educacionais da classe operária ávida
por conhecimentos técnicos e complementação dos estudos já adquiridos.
Notamos sempre que a necessidade por mais informações e conhecimentos,
aliada às inovações das TICs (Tecnologias de Informação e Comunicação)
caminham sempre em prol de transformações decisivas na forma de tratar a
informação e de transmitir o conhecimento.
Após
o final da Primeira Guerra Mundial, conforme o avanço das tecnologias e
meios de transporte e comunicação, as populações demandavam maior
conhecimento e preparo profissional e cultural. Os cursos regulares
presenciais não eram suficientes para atender as necessidades novas e a
enorme quantidade de pessoas. “A educação a distância foi utilizada
inicialmente como recurso para superação de deficiências educacionais,
para a qualificação profissional e aperfeiçoamento ou atualização de
conhecimentos. Hoje, cada vez mais foi também usada em programas que
complementam outras formas presenciais, face a face, de interação, e é
vista por muitos como uma modalidade de ensino alternativo que pode
complementar parte do sistema regular de ensino presencial”. (Wikipédia) Veja mais datas importantes sobre a evolução da EAD no mundo aqui.
No Brasil
No
Brasil, em 1937 é criado o Serviço de Radiodifusão Educativa, do
Ministério da Educação, que promovia aulas no rádio que podiam também
ser acompanhadas por material impresso. Em 1939, o Instituto Monitor
tornou-se a primeira empresa particular a trazer o serviço de ensino a
distância ao país, seguido pelo Instituto Universal Brasileiro (IUB),
que em 1941, vem oferecendo cursos profissionalizantes por meio de
material impresso e foi, aos poucos, atualizando e incorporando novas
mídias. Conforme o avanço tecnológico as instituições foram
aperfeiçoando suas aulas e técnicas de ensino a distância. Em 1948 surge
a televisão, em 1965 o governo brasileiro lança a primeira TV
Educativa. De 1966 a 1974 foram ao ar oito emissoras de televisão
educativa em diversos estados. Em 1969 a Fundação Padre Anchieta,
mantida pelo Estado de São Paulo inicia suas transmissões promovendo
atividades educativas por meio do rádio e da TV. O Telecurso 2000,
criado pela Fundação Roberto Marinho, surgiu em 1977 (antes era chamado
apenas de Telecurso), e ensina matérias do ensino fundamental e médio
por meio impresso e televisivo. Conheça mais datas importantes sobre a
evolução da EAD no Brasil aqui.
Regulamentação da EAD no Brasil
Você
sabia que já existiu uma Secretaria de Educação a Distância (SEED) no
Brasil? Sim, foi criada oficialmente em 1996, no entanto foi extinta e
agora seus programas e ações estão vinculados a Secretaria de Educação
Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (SECADI).
Todos
os preconceitos relacionados aos cursos a distância tiveram origem, em
parte, na falta de regulamentação por parte do governo federal, o que
foi mudado em 1998, por decreto presidencial. Os primeiros cursos
superiores regidos por lei no Brasil surgiram em 1999 e atualmente somam
215 cursos reconhecidos pelo MEC.
“As
bases legais para essa modalidade foram estabelecidas pela Lei de
Diretrizes e Bases na Educação Nacional n°9.394, de 20 de dezembro de
1996, regulamentada pelo decreto n°5.622 de 20 de dezembro de 2005, que
revogou os decretos n°2.494 de 10/02/98, e n°2.561 de 27/04/98, com
normatização definida na Portaria Ministerial n°4.361 de 2004. No
decreto n°5.622 dita que, ficam obrigatórios os momentos presenciais
para avaliação, estágios, defesas de trabalhos e conclusão de curso.
Classifica os níveis de modalidades educacionais em educação básica, de
jovens e adultos, especial, profissional e superior. Os cursos deverão
ter a mesma duração definida para os cursos na modalidade presencial. Os
cursos poderão aceitar transferência e aproveitar estudos realizados em
cursos presenciais, da mesma forma que cursos presenciais poderão
aproveitar estudos realizados em cursos a distância. Regulariza o
credenciamento de instituições para oferta de cursos e programas na
modalidade a distância (básica, de jovens e adultos, especial,
profissional e superior)”. – Wikipédia.
Como funciona?
As
possibilidades da EaD foram ampliadas conforme o avanço tecnológico,
que cada vez mais encurtam as distâncias e oferecem cursos regulares
(ensino fundamental, médio, superior e pós-graduação) ou em determinadas
áreas do conhecimento teórico ou técnico, voltados às necessidades
específicas educacionais e profissionais de milhões de pessoas. O
seguimento do ensino-aprendizagem realizado a distância tem propiciado
um maior incentivo e autonomia no processo de educação contínua ou
continuada. José Manuel Moran acredita que o formato da educação a
distância “é mais adequado para a educação de adultos, principalmente
para aqueles que já têm experiência consolidada de aprendizagem
individual e de pesquisa, como acontece no ensino de pós-graduação e
também no de graduação”.
Mas quais
são os métodos e diferencias que a educação realizada a distância
oferece? Diante do cenário atual socioeconômico caracterizado pelas
mudanças trazidas pela geração Web 3.0, nos deparamos com novas figuras
sociais, em especial as figuras do professor, do aluno e dos
profissionais da informação. A construção do conhecimento tem se dado de
maneira colaborativa, a partir da autonomia de produção e publicação,
da aproximação que a Web proporciona entre as relações pessoais ou
corporativas, e devido a facilidade para o acesso às informações mais
variadas. Hoje podemos continuar o aprendizado e complementar nossas
necessidades navegando pelas possibilidades que o acesso eletrônico nos
proporciona. O conceito de presencialidade mudou. Bibliotecas, filmes,
notícias, dados, gráficos, mapas, fotos, pessoas, empresas,
organizações, vídeos, aplicativos etc. Tudo está pulverizado na rede.
“O
conhecimento vai ser sendo construído por cada um, que como viajantes,
nômades, descobridores, seguem com suas expedições pela web recolhendo
arquivos, informações, catalogando dados e montando uma biblioteca
particular que atende às suas necessidades. O conteúdo não é mais criado
para os outros, mas sim disponibilizado para que possa ser encontrado e
utilizado da melhor forma possível e em situações diversas. Trata-se de
pequenas peças que irão compor projetos pessoais de estudo, de
trabalho, de criações artísticas e de tantas outras ideias. “Todo
buscador é um polinizador”, diz Augusto. Ao mesmo tempo em que o
viajante está buscando ele está semeando, participando, contribuindo.
Não somos consequência das inovações, a tecnologia se inova quando há
disposição social para tal, quando surgem novas necessidades e demandas,
quando queremos mais...” (Mundos-Fluzz: um multiverso da interação)
Muitos
imaginam que a partir de tantas transformações o professor será
omitido, mas trata-se justamente do contrário. A figura do professor
continua existindo, porém poderá enriquecer suas aulas, poderá
atualizar-se com mais frequência e facilidade, poderá promover maior
interação com seus alunos por meio das tecnologias, “assim, tanto
professores quanto alunos estarão motivados, entendendo aula como
pesquisa e intercâmbio. Nesse processo, o papel do professor vem sendo
redimensionado e cada vez mais ele se torna um supervisor, um animador,
um incentivador dos alunos na instigante aventura do conhecimento”.
(José Manuel Moran)
O que é importante ressaltar é que não bastam incorporar a tecnologia, novas formas de comunicação ou novos ambientes virtuais e plataformas informatizadas às
aulas, é preciso trabalhar a metodologia mais adequada para que tanto a
aula presencial quanto a virtual tenham qualidade e possam atingir seus
objetivos. “A EaD, como proposta alternativa do processo ensino -
aprendizagem, significa pensar um novo modelo de comunicação, capaz de
fundamentar e instrumentalizar a estratégia didática”, nos diz Claudia
Landim. Vamos elencar algumas das características e benefícios da EaD:
• Autonomia e gerenciamento de horários, atividades e concentração por parte dos alunos (autoaprendizagem).
• Rápida atualização dos conteúdos.
• Possibilidade de personalização dos conteúdos.
• Facilidade de acesso e flexibilidade de horários.
• Interatividade com uso de mídias, tecnologia streaming, WEBTVs, acesso simultâneo a diversos conteúdos.
• O aluno determina seu próprio ritmo, conforme suas dificuldades e necessidades.
• Conteúdo disponível 24 horas.
• Grande oferta de cursos.
• Largo alcance a variados públicos, sem limites geográficos.
• Redução de custos em comparação aos processos logísticos e administrativos da educação formal.
• Intercâmbio entre professores, disciplinas e conteúdos produzidos fora do país.
• Possibilidade de se trabalhar em grupo ou individualmente.
No
Brasil atualmente o modelo predominante de educação ainda é o
presencial salvo algumas instituições que mesclam os dois formatos. A
educação a distância e os serviços de gestão em aprendizagem sob a
mediação da tecnologia estão aos poucos sendo consolidados em diversas
iniciativas, algumas felizes outras equivocadas. O processo de transição
entre a educação formal e a distância vai se desenrolando aos poucos,
de maneira não uniforme, levando em considerações diversos fatores como:
as desigualdades sociais e econômicas, motivação, inclusão digital e
principalmente a necessidade de uma revisão na metodologia educacional
que é anterior às modalidades do ensino. Iremos discutir como anda o
cenário da educação informatizada e a distância em um próximo artigo,
aguardem! :)
Fonte: http://www.eprofessor.com.br