sexta-feira, 28 de setembro de 2012

O vilão do e-book no Brasil


 
Sim, temos taxas e impostos insanos. Mas, mesmo com todo imposto do mundo sobre as nossas costas, vejam nas ruas quantas pessoas têm smartphones. Então eu me pergunto: se, mesmo pagando muito mais, os brasileiros continuam consumindo tecnologia, qual é o problema dos e-books? Qual é a maior barreira que players e editoras estão enfrentando no Brasil?
 
Fiz algumas perguntas, para algumas pessoas, e cheguei a algumas conclusões.
 
Temos dois entraves no mercado editorial digital brasileiro: o medo e a ignorância.
 
O medo vem em forma de atraso, de enrolação, de medo de dizer não e, principalmente, da mania do brasileiro de não ser objetivo (pera lá... também sou assim, luto todo dia para me tornar uma pessoa objetiva). Muito trabalho para pouca gente? Muito contrato para poucos advogados? O que vocês acham? Acham que os contratos é que são os problemas nisso tudo?
 
A outra barreira é a ignorância de uma série de coisas a respeito dos e-books. Uma e-book store que possui uma boa solução de aplicativo e distribuição não aceitará mais PDF. PDF não tem uma boa experiência de leitura. Mas isso todo mundo já sabia, né? É só ler minhas colunas anteriores. Os editores logo correram e converteram alguns livros para o formato ePub, só que esqueceram que, depois da conversão, deve-se checar a quantidade de erros e, mais importante ainda, consertá-los.
 
Outro erro: falta de ISBN. As editoras ignoram o fato de terem que registrar no ISBN seus formatos de livros digitais, e muitas lojas exigem isso.
 
Como abrir uma loja de e-books no Brasil sem acervo? De que adianta os advogados acertarem todos os contratos e conseguirem todas as assinaturas, se mais de 70% dos ePubs nacionais estão com algum defeito?
 
Portanto, neste momento, além de se preocuparem com os contratos, por favor, consertem seus ePubs. O leitor, quando começar a comprar e-reader e e-books nas diversas livrarias digitais, devices e sites que surgirão, vão devolver o livro que estiver com problemas de formatação. Muitos já fazem isso. Sim, as livrarias têm que estornar as vendas de acordo com o direito do consumidor.
 
Força tarefa então para checar seus ePubs. Pressão nos advogados para assinarem e desenrolarem contratos. Acho que com isso resolvido o Natal digital promete!
 
Links que ajudam a resolver problemas estruturais em ePubs:
 
camila.cabete@gmail.com (aguardo dicas, links e sugestões )
Camila Cabete (@camilacabete) tem formação clássica em História, mas foi responsável pelo setor editorial de uma tradicional editora técnica por alguns anos (Ciência Moderna). Entrou de cabeça no mundo digital editorial ao se tornar responsável pelo setor editorial e comercial da primeira livraria digital do Brasil, a Gato Sabido. Hoje é a responsável pelo pós-venda e suporte às editoras e livrarias da Xeriph, a primeira distribuidora de conteúdo digital do Brasil. Foi uma das fundadoras da Caki Books (@CakiBooks), editora cross-mídia que publica livros em todos os formatos possíveis e imagináveis. Hoje possui uma start-up: a Zo Editorial (@ZoEditorial), que se especializa em consultoria para autores, editoras e livrarias, sempre com foco no digital. Camila vive em Copacabana e tem uma gata preta chamada Lilica.
A coluna Ensaios digitais é um diário de bordo de quem vive 100% do digital no mercado editorial brasileiro. Quinzenalmente, às quintas-feiras, serão publicadas novidades, explicações e informações sobre o dia-a-dia do digital, críticas, novos negócios e produtos.