A editora Nova Alexandria acaba de lançar, de minha autoria, Lendas do Folclore Capixaba, obra ilustrada por Eduardo Azevedo, cujo texto introdutório pode ser lido abaixo:
A lenda surge a partir de um fato, histórico ou social, ou de uma personagem real. A imaginação popular e a memória coletiva darão um novo colorido ao evento. Também busca explicar a origem de determinados lugares: rochedos, lagos, rios, etc. Daí a definição de lenda como “poesia da história”, pelo escritor mineiro Aires Machado da Mata Filho. A lenda, portanto, tem origem na história e corre paralela a esta.
Um dos mais importantes documentos sobre o assunto é o livro A Lenda Dourada (Legenda Aurea no original em latim), do frade dominicano Jacobus de Voragine (século XIII), que reúne as narrativas lendárias da vida de muitos santos de grande devoção popular. Afonso Arinos, em Lendas e Tradições Brasileiras, ao definir a palavra lenda, aponta, em sua origem, a necessidade de preservação dos valores tradicionais cristãos pela glorificação dos santos católicos:
Lenda vem de ler, como legenda vem do latim legere: é o que deve ser lido. Era costume nos conventos e mosteiros, desde os primeiros tempos da era cristã, fazer cada dia, à hora das refeições em comum, nos vastos refeitórios, a leitura da vida do santo que dava o nome do dia. Daí o chamar-se lenda o trecho a ser lido.
O presente livro reconta em setilhas de cordel cinco das mais belas lendas capixabas, recolhidas e estudadas, com zelo, por folcloristas como Guilherme Santos Neves e Maria Stella de Novaes. Essas narrativas tratam de amores impossíveis, milagres e explicam como surgiram algumas das mais belas paisagens do Espírito Santo.
Nota do blogue: A obra traz algumas das mais memoráveis lendas capixabas, como o Pássaro de Fogo, que pode ser lida em parte aqui. E, aqui, pode-se ler um trecho da Lenda do Sumé, igualmente memorável.