CADA UM TEM SEU VALOR
PRECISA É SER DESCOBERTO
Pedro Ernesto Filho, do livro "Cidadania do Repente"
Enquanto se engraxavam seus sapatos, o autor observava um sanfoneiro que tocava na calçada de uma bodega, na cidade de Iguatu. Um público pequeno o rodeava e isto foi suficiente para a criação desse mote, que se desenvolve em sete sílabas.
O pequeno sanfoneiro
com arte desafinada
que de calçada em calçada
vive a ganhar seu dinheiro,
não é Alcimar Monteiro
nem Gonzagão, nem Roberto,
porém deixou boquiaberto
o povo do interior
- Cada um tem seu valor
precisa é ser descoberto.
O sertanejo frustrado
vítima da sociedade,
somente vai à cidade
quando se vê obrigado,
falando pouco e errado
porque vive no deserto,
mas se houvesse escola perto
talvez que fosse um doutor
- Cada um tem seu valor
precisa é ser descoberto.
A prostituta de bar
tem na consciência um farne,
negocia a própria carne
a fim de se alimentar,
o bom conceito de um lar
foi pela sorte encoberto,
talvez que até desse certo
se tivesse havido amor
- Cada um tem seu valor
precisa é ser descoberto.
O bom vaqueiro voraz
no mato faz reboliço,
desenvolvendo um serviço
que acadêmico não faz;
coveiro é útil demais
quando um túmulo está aberto
rico não se torna esperto
para fazer o favor
- Cada um tem seu valor
precisa é ser descoberto.
Fonte: http://mundocordel.blogspot.com.br