CORDEL DE SAIA traz o confrade Zé Walter Pires com sua homenagem ao centenário de JOAQUIM BATISTA DE SENA. Neste ano, são inúmeras as comemorações a centenários de nomes relevantes, Zé Walter não poderia faltar. PARABÉNS poeta pelos belos versos e por sua sensibilidade.
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CENTENÁRIO DE JOAQUIM BATISTA DE SENA
SOLENIDADE EM FORTALEZA, 23/05/2012
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Se pudesse a minha lira
Entoar com maestria
Numa peça musical
Com certeza, comporia
Pra saudar esses poetas
Em suas artes, estetas
A mais bela sinfonia
Mas, vindo lá da Bahia
Onde se fala cantando
Aos mestres, peço licença
Pra fazê-lo, versejando
Nesta forma de poesia
Transbordante de alegria
Neste instante, declamando
Desse jeito, vou chegando
À famosa Fortaleza
Berço de filhos ilustres
E encantadora beleza
Onde repousa Iracema
No fascínio que emblema
Os dotes da Natureza
Trago no âmago a certeza
Desta minha identidade
Com a gente nordestina
Em sua diversidade
Sendo iguais na diferença
Essa mistura compensa
Na mesma realidade
O Nordeste é, na verdade
O celeiro do Brasil
Semeador de cultura
Pelo povo varonil
Já cantado em verso e prosa
De maneira jubilosa
Que traduz o amor febril
Outro não é o perfil
Que me acode nesses versos
Para saudar essa gente
Pelos motivos diversos
Que resultou na história
Ao longo da trajetória
Nos seus anais já impressos
E nos momentos reversos
Tão comuns à Região
Encontrou no próprio nome
As vias da superação
Sem deixar arrefecer
A vontade de crescer
Desde a colonização
Depois desta introdução
Vou mudar o itinerário
E fazer a saudação
Ao vate missionário
De quem ocupo a cadeira
Que honra sobremaneira
O meu pendor literário
Esse foi o meu fadário
Nessas plagas do Nordeste
De embriagar-me na verve
Desse bom “cabra da peste”
Joaquim Batista de Sena
Que pela magia da pena
Todo seu estro se veste
Esse valor inconteste
De poeta autodidata
Mas de verso primoroso
Neste instante se resgata
No seio deste plenário
O seu labor centenário
Como memorável data
Vários poetas relatam
Em fiéis depoimentos
A trajetória de Sena
Pelos seus conhecimentos
Dos cenários nordestinos
Em seus traços genuínos
Nos variados momentos
São os nobres sentimentos
Que nutrem esses poetas
Na luta pela cultura
Mais que mecenas, profetas
Do cordel atemporal
Neste mundo virtual
Para buscar novas metas
Quando as regras são corretas
O cordel tem qualidade
Para atravessar os tempos
Independente da idade
Ganhando novos espaços
E vencer os seus percalços
Em nossa atualidade
Só dessa forma, é verdade
Seremos mais respeitados
Saindo da mendicância
Que estamos acostumados
Vendendo por dois reais
E muitos acham demais
Os livretos publicados
Isso quando não são dados
Aos amigos de plantão
Pra não restarem guardados
Sem qualquer divulgação
E aos cordelistas, coitados
Que permanecem calados
Só restando a frustração
Encerro minha oração
Neste solene protesto
Feito na oportunidade
Rogando ser o meu gesto
Analisado e entendido
Para o fito pretendido
Em forma de manifesto
Como Colombo me presto
A velejar novo rumo
No tamborilar de versos
Com régua, compasso e prumo
Das feiras às livrarias
Escolas e Academias
Para ampliar o consumo
Dito isso, neste resumo
Só me resta agradecer
Aos vates irmãos Viana
Dos quais pude merecer
A franca hospitalidade
Nesta bonita cidade
Que deu gosto conhecer
José Walter Pires
Fortaleza, 23/05.2012