CURTINDO A FARINHADA
*
No sítio cedro de dentro
Fui ver uma farinhada
Era tanta mandioca,
Que fui ficando animada
Peguei logo uma peixeira
Pra descascar macaxeira
Num cantinho acocorada.
*
Na hora de tirar goma
Corri atrás das peneiras
E naquele vai-e-vem
Eu rebolava as cadeiras
O povo se divertia,
Batia palma e sorria
Gostando das brincadeiras.
Um cheirinho de café
Tomou conta do lugar
Logo saiu tapioca,
E beijú pra acompanhar
Eu me servi à vontade
Matando a grande saudade,
Que estava a me matar.
*
Dona Francisca parteira,
Mulher de seu Benedito
Contava velhas histórias
Que jamais eu vi escrito
Uma roda se formava
Enquanto ela contava
No seu linguajar bonito.
*
E num forno arredondado
A lenha queimando ardia,
Um caboclo sem camisa
Sua farinha mexia.
Eu totalmente enlevada
Revivia a farinhada
Que meu velho pai fazia.
*
Texto e fotos de Dalinha Catunda.
As fotos foram feitas na serra, perto da Lagoa dos Távares, município de Ipueiras - Ceará