Propondo a elaboração de projetos artísticos inauguramos essa exposição, como resultado
de atividades desenvolvidas no semestre 2011.2 na disciplina Projeto Artistico II. Essa disciplina é
ofertada pelo curso de Artes Visuais da Universidade Federal da Paraiba e tem como objetivo motivar
a construção de projetos de criação artística, culminando em adequar as propostas individuais dos
participantes ao espaço expositivo da galeria através de uma exibição coletiva. Por meio dessa
exposição, realizada em parceria entre a FUNESC e a UFPB, buscamos divulgar uma mostra da produção
que vem sendo desenvolvida no curso de licenciatura em Artes Visuais de nossa universidade.
O corpo de trabalhos apresentado demonstra a pluralidade de meios e linguagens expressivas,
visto que alguns dos participantes já vem percorrendo uma trajetória artistica, enquanto outros estão
iniciando investigações nesse campo. Entre os participantes observamos o trabalho de Adriana, que se
propõe à construção de formas tridimensionais, utilizando papel como material para elaboração de seus
projetos, contradizendo a própria rigidez formal de suas peças. Em
Lupus Lupi (...), cujo tema reflete a
sua proposta no trabalho, Américo vem explorando um projeto de desenho de animação aonde ele
estabelece um paralelo entre os processos cíclicos envolvidos na vida e que se estendem ao cotidiano e
seu processo de criação. Para essa exposição Américo “desenha” sobre a parede da galeria utilizando o
próprio material (storyboards) produzido na criação do trabalho de animação.
Já Antonio sobrepõe ao espaço da galeria conceitos que vem explorando em outros contextos
e trajetórias artísticas. Nesse sentido uma arrojada construção formal se alinha ao conceito implícito
na representação de um conjunto de lápides dispostas em diferentes circunstâncias. Nessa exposição
em específico, Antonio substitui o material utilizado em outras experiências (o concreto) por uma peça
criada em
poliuretano. Ao colocar a lápide sobre um pedestal ele traz de volta a antiga discussão entre a
obra e seu contexto de inserção.
Bertrand, por sua vez, propõe uma reflexão sobre memória e modernidade, intervindo em
um prédio público no centro da cidade de João Pessoa. A sede do INSS, construída em uma concepção
arquitetônica moderna, se transforma em uma fonte de material inesgotável, onde a memória
impregnada no prédio e dos “objetos” utilizados em seu funcionamento se transformam em uma
rica fonte de materiais. Inseridos em um novo contexto através de “assemblages”, aqueles objetos
apropriados por Bertrand constróem novos sentidos em seus trabalhos.
Victor explora a geometria de edifícios que se aglomeram no panorama urbano. Sua
investida inicial decorreu de uma análise reflexiva sobre as contradições dos processos de urbanização
a partir da observação de construções em sítios de periferia onde a precariedade do material e da
ordenação das edificações participam das tensões que envolvem problemas relacionados ao panorama
social.
Karlene Medeiros faz uma incursão sobre um tema instigante envolvendo memória e
esquecimento. Nesse sentido, os materiais dialogam em um processo reflexivo, buscando através
da imagem de superfícies “espelhadas” a contrapartida em um universo de subjetividades que
sofisticadamente criam formas através de silhuetas nas paredes da galeria. E, finalmente, observamos
o trabalho de Tatiana onde o rico colorido das estamparias em chita invadem as paredes com seus
vermelhos, amarelos e azuis saturados. Nesse sentido, o trabalho flui se ramificando na parede da
galeria, estabelecendo um diálogo entre a cultura popular e o ambiente formal do espaço expositivo.
Maria Helena Magalhães
Profª. do Departamento de Artes Visuais da UFPB