terça-feira, 24 de janeiro de 2012

GUERRA DE CANUDOS NO JORNAL DA BESTA FUBANA


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A GUERRA DE CANUDOS NA LITERATURA DE CORDEL


JOÃO MELCHIADES E A GUERRA DE CANUDOS
A visão do poeta João Melchíades Ferreira da Silva, um dos pioneiros da Literatura de Cordel, sobre a Guerra de Canudos não poderia ser outra. Ele era militar, membro do Exército Brasileiro e ex-combatente de Canudos. Também lutou no Acre, durante a questão que envolveu o Brasil e a Bolívia, em 1903. Em 1905 foi reformado como Sargento e passou a dedicar-se à cantoria e à Literatura de Cordel até 1933, ano de sua morte.


Como militar, é natural que assumisse a defesa da República, contra a ideologia pregada e praticada por Conselheiro e seus adeptos. Diferentemente de Euclides da Cunha, ele não viu nenhum mérito naquele grupo de valentes sertanejos que se insurgiu (e venceu, em algumas ocasiões) o Exército brasileiro. Eis alguns trechos do poema, possivelmente o primeiro escrito sobre a tragédia que abalou os sertões da Bahia:
A GUERRA DE CANUDOS*
No ano noventa e seis
o Exército brasileiro
Achou-se então comandado
Pelo general guerreiro
De nome Arthur Oscar
Contra um chefe cangaceiro.
Ergueu-se contra a República
O bandido mais cruel
Iludindo um grande povo
Com a doutrina infiel
Seu nome era Antônio
Vicente Mendes Maciel.
De alpercatas, um cajado
Armado de valentia
Seu pensamento era o crime
Outra coisa não queria
Agradou-se de Canudos
Que é sertão da Bahia.
E para iludir ao povo
Ignorante do sertão
Inventou fazer milagres
Dizia em seu sermão
Que virava a água em leite
Convertia pedra em pão.
Criou-se logo em Canudos
Um batalhão quadrilheiro
Para exercitar os crimes
Desse chefe canganceiro
Então lhe deram tres nomes
De Bom Jesus Conselheiro.
(…)