quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

CORDEL LEGAL



A matéria a seguir foi publicada na REVISTA DE HISTÓRIA DA BIBLIOTECA NACIONAL, edição nº 76, de janeiro de 2012 e trata sobre o Depósito Legal de folhetos na BN. Essa mesma edição traz uma matéria sobre Leandro Gomes de Barros intitulada "O atirador de palavras". Confiram! A revista já está nas bancas:

Cordel legal

É raro um cordelista enviar suas obras para a Biblioteca Nacional, mas uma nova política deverá garantir o aumento do acervo

Alice Melo
2/1/2012
  • Pelo menos um exemplar de cada obra impressa no Brasil deve ser enviado à Biblioteca Nacional pelo responsável por sua publicação. Isto é o que determina uma lei chamada Depósito Legal, sancionada em 2004, que tem o objetivo de preservar a memória nacional. Oito anos se passaram e a norma ainda não funciona muito bem para coleções alimentadas por escritores independentes, como poetas da literatura de cordel. Para se ter uma ideia, a BN tem apenas 2.000 folhetos deste gênero literário no acervo – contra, por exemplo, os 9.000 pertencentes à Fundação Casa de Rui Barbosa (FCRB). O número reduzido levou recentemente a instituição a adotar uma política de incentivo ao crescimento da cordeoteca, esperando motivar cordelistas de todo o país a enviar sua produção para o Depósito Legal.

    Esta política se baseia na divulgação da lei na imprensa e na realização de parcerias com instituições que trabalham com este tipo de material. A Academia Brasileira de Literatura de Cordel (ABLC), que conta com mais de 13.000 folhetos em seu acervo, é um destes casos. No fim do mês, a ABLC doará 1.000 exemplares diferentes à BN. “Eu apoio de coração o crescimento da cordelteca da Biblioteca”, diz Gonçalo Ferreira da Silva, presidente da Academia e cordelista de longa data. “Mas reconheço que será uma missão difícil, porque em geral, quando o autor descobre que é obrigação dele enviar exemplares para algum lugar, simplesmente vira as costas. Imagine um sertanejo que produz um cordel para ler no fim de semana para os amigos da feira. Veja se ele vai comprar envelope, botar nos Correios e mandar aquilo de graça para o Rio de Janeiro?”. Difícil.
    Quando perguntado sobre a prosperidade do arquivo da ABLC, Gonçalo responde sem papas na língua: “O segredo se chama dinheiro. Compro todos os folhetos com meu salário. Os autores falam um para o outro e acabam me mandando. Se tivéssemos verba para ir de feira em feira no Nordeste, ninguém segurava a gente”. Milena Viana, coordenadora do projeto no Depósito Legal, concorda com Gonçalo e diz que outro fator agravante nesta situação é a falta de pesquisadores no Brasil vinculados à BN, capazes de localizar os autores desse tipo de literatura. (...)

    Leia mais na edição de janeiro (
    www.revistadehistoria.com.br)

    Fonte: http://www.acordacordel.blogspot.com/