A MOÇA DO SAPATÃO...
QUE TOMOU A MULHER DE ZÉ GARANHÃO.
Quando muito jovem
Sempre fui exibicionista
Mostrava para as moças
Os meus dotes de artista
A mulherada eu atraia
Mas sua alma não entendia
E via escapar a conquista
Mas conheci uma moça
Que mudou-me o pensamento
Ela falou-me que ser homem
Não significa ser jumento
Pois acredite se quiser
Que no trato com a mulher
Tamanho não é documento
Era quarenta e quatro
O sapatão que calçava
Onde tinha moça bonita
Ela bem fácil conquistava
E por conhecer a mulher
E sabendo o que ela quer
Com a guria sempre ficava
E conquistou a mulher
De um marido xexelento
Um cara muito dotado
Mais parecia um jumento
Mas de mulher nada entedia
Pois sua esposa só sofria
Debaixo do bexiguento...
A tal moça me ensinou
Tudo que ela sabia
Sobre o corpo da mulher
E que eu jamais percebia
As mulheres são incríveis
E têm pontos sensíveis
Aos toques com harmonia
Eu bastante aprendi
Sobre a arte de conquistar
E também como fazer
Para uma mulher delirar
Só precisa ter muito jeito
Apalpando a vulva e o peito
E nas carícias só "viajar"...
Mas importante mesmo
É amar e ter respeito
Uma mulher mal amada
Bota chifres de todo jeito
Pois a moça do sapatão
Tomou a mulher do "jegão"
E o falo perdeu pro peito...
Tamanho pode até causar
Talvez alguma impressão
Mas que a realidade
Mostrou a moça do sapatão
Tamanho não é documento,
Tomou a mulher dum "jumento"
Com os segredos da sedução...
Antonio Alvares - Literatura de Cordel
