A Academia Brasileira de Letras tem por fim a cultura da língua e da literatura nacional. Essa definição está no artigo primeiro de seus estatutos, em vigor desde sua fundação em 1897, em documento assinado por seu primeiro presidente, Machado de Assis, e pelo secretário-geral Joaquim Nabuco. Poucas instituições brasileiras poderão apresentar tão longo histórico, e de tanta representatividade, a comprovar uma preocupação permanente e continuada na construção de uma cultura letrada entre nós.
Num país como o nosso, com a extensão e as carências sociais que nos caracterizam, as bibliotecas públicas e escolares têm um papel fundamental a desempenhar. Constituem uma importante ferramenta na democratização do conhecimento e na criação de maior igualdade de oportunidades para todos os cidadãos. São um caminho indispensável para a garantia de que todos possam ter acesso a sua parcela de uma herança comum : a literatura universal que vem sendo legada, num rico patrimônio acumulado, pelas sucessivas gerações de homens e mulheres que viveram a aventura humana no planeta. Cada um de nós tem o inalienável direito a ela.
Com a entrada em vigor da lei 12.244 em 2010, passou a ser obrigatório que todas as instituições de ensino do país, públicas ou particulares, instalem bibliotecas. Existem os recursos públicos para que elas sejam criadas e mantidas. Mas muita gente não sabe disso ou não tem ideia de por onde começar a agir para que essa lei saia do papel e possa efetivamente transformar uma recomendação em realidade dentro do prazo previsto para isso – ou seja, até 2020.
A campanha Eu Quero Minha Biblioteca é uma iniciativa que procura atuar no sentido de que esses desafios sejam enfrentados e vencidos, por meio de informações concretas a respeito. Ao ser lançada num ano de eleições municipais, procura aproveitar a ocasião e sensibilizar a população para exigir o cumprimento da lei por parte dos gestores e formuladores de políticas públicas de leitura e bibliotecas, bem como a fiscalização das instâncias locais no que se refere `a manutenção. E também para reivindicar a garantia a cada cidadão desse direito de ser leitor.
A Academia Brasileira de Letras não poderia deixar de manifestar seu apoio.
Ana Maria Machado
Presidente
Academia Brasileira de Letras
Fonte: http://www.ecofuturo.org.br